Em reunião com Alckmin, centrais e setor produtivo debatem medidas diante de ‘tarifaço’ de Trump

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, recebeu nesta quarta-feira (16) representantes de centrais sindicais e do setor empresarial para discutir medidas para mitigar os efeitos do “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A reunião, realizada no MDIC (Ministério do Desenvolvimento), contou com a presença também do ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Flávio Werneck, vice-presidente da CSB, representou a central no encontro que classificou como “extremamente produtivo”. Ele destacou a união entre os representantes dos trabalhadores e dos setores produtivos ali presentes, como indústria, agricultura, química e logística, na defesa de uma solução negociada e principalmente dos interesses nacionais.

“Deixamos clara a nossa preocupação em preservar os empregos e a renda diante dessa taxação”, contou. Segundo ele, houve consenso sobre a necessidade de uma “mesa de negociação que deixe claro a soberania do país”, com base em dados para evitar prejuízos à população e à economia.

Alckmin reforçou que o governo já negocia com os EUA desde antes do anúncio das tarifas e confirmou nova rodada de discussões ainda nesta quarta-feira. “O vice-presidente Alckmin e o pessoal de Itamaraty falaram que já estão negociando desde antes até da imposição da taxa, e que vão continuar negociando, hoje mesmo já tinham uma reunião com representantes dos Estados Unidos”, relatou Werneck.

Ele avalia que o diálogo foi “muito positivo, proativo”, com apresentação de propostas para “resguardar a população brasileira” dos efeitos da medida.

Centrais apresentam propostas

As centrais sindicais apresentaram a Alckmin um documento com diretrizes para enfrentar a guerra comercial. Intitulado “Propostas das Centrais Sindicais diante da Guerra Comercial: Soberania, Emprego e Desenvolvimento”, o texto defende um “projeto de desenvolvimento com inclusão e justiça social”, com ações como:

  • Fortalecimento da produção nacional, via medidas antidumping, compras públicas com conteúdo local e investimentos em infraestrutura e tecnologia;
  • Proteção ao emprego, com programas de requalificação profissional e cláusulas de garantia em acordos coletivos;
  • Diálogo social tripartite, com criação de câmaras setoriais para políticas industriais e comerciais;
  • Transição ecológica justa, vinculando descarbonização à geração de empregos verdes.

O documento também pede revisão de acordos internacionais e maior integração no Mercosul, além de criticar a “concorrência predatória” dos EUA. “Concebemos o diálogo social como um instrumento estratégico e expressão de soberania”, afirma o texto.

SAIBA MAIS: Centrais sindicais apresentam propostas para enfrentar tarifas impostas pelos Estados Unidos

Governo sinaliza abertura e defende unidade

Alckmin destacou a importância da participação sindical nas negociações. “Estamos unidos e empenhados em defender os interesses do Brasil por meio do diálogo”, declarou. As centrais cobraram voz ativa nas decisões, argumentando que trabalhadores devem ser ouvidos em políticas que afetem empregos.

A tarifa de 50%, anunciada pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump, entra em vigor em 1º de agosto e ameaça setores como aço, químicos e agroindústria. O governo brasileiro busca alternativas para mitigar perdas, enquanto as centrais ressaltam a necessidade de ações que protejam a base produtiva e os postos de trabalho.

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