EUA confirmam ‘tarifaço’ sobre café e China abre mercado para quase 200 produtores do Brasil

Enquanto os Estados Unidos oficializavam a imposição de uma tarifa de 50% sobre o café do Brasil, quase 200 produtores brasileiros ganharam um novo mercado. No sábado (2), a Embaixada da China no Brasil anunciou a habilitação de 183 novas empresas do país para exportar o produto ao mercado chinês. Com validade de cinco anos, a medida entrou em vigor na quarta-feira (30) – mesmo dia em que o ‘tarifaço’ foi confirmado pelos EUA, sem a inclusão do café na lista de quase 700 exceções.

Confira aqui a lista completa de produtos excluídos do ‘tarifaço’ dos EUA

Os EUA são o principal destino das exportações brasileiras de café, tendo adquirido 3,3 milhões de sacas de 60 kg nos primeiros seis meses de 2025, o equivalente a 23% do total exportado. Já a China, décima maior compradora, importou 529.709 sacas no mesmo período – volume 6,2 vezes menor.

No entanto, o potencial de crescimento no mercado chinês é significativo. O consumo per capita de café no país era de apenas 16 xícaras anuais em 2024, muito abaixo da média global, estimada entre 150 e 240 xícaras. Dados recentes, porém, mostram que esse número subiu para 22,22 xícaras no último ano, com projeção de alcançar 30 em 2025.

O avanço é impulsionado por redes como a Luckin Coffee, que superou a Starbucks na China em número de lojas: enquanto a rede local fundada em 2017 já tem mais de 20 mil lojas no país, a norte-americana tem pouco menos 6,8 mil estabelecimentos e busca recuperar o mercado asiático.

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A chinesa firmou acordos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em junho de 2024, quando se comprometeu a comprar 120 mil toneladas de café brasileiro até 2029, e em novembro do mesmo ano, quando aumentou a quantidade para 240 mil toneladas. De acordo com a publicação da Embaixada da China, a Luckin Coffee abastece todas suas lojas com grãos brasileiros e até inaugurou um museu chamado Luckin Brasil contando a história da cooperação entre a empresa e o café brasileiro desde 1974.

Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP avaliam que os produtores brasileiros podem ser forçados a redirecionar parte da produção para outros mercados, exigindo “agilidade logística e estratégia comercial para mitigar prejuízos”. Enquanto isso, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) busca negociar a inclusão do café na lista de exceções às tarifas americanas.

Além do café, a China habilitou 30 empresas brasileiras para exportar gergelim e 46 para vender farinhas de aves e suínos. O anúncio ocorre em um contexto de tensões comerciais, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarando que o país está disposto a cooperar com o Brasil e outros membros do Brics para defender o sistema multilateral de comércio.

Com informações de Agência Brasil, Folha de S.Paulo, Embaixada da China e 247 WallSt.
Foto: reprodução

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