Em documento divulgado nesta terça-feira (15), as principais centrais sindicais do Brasil apresentaram uma série de propostas para mitigar os efeitos da guerra comercial desencadeada pelo governo de Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% para todos os produtos brasileiros que entrarem nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. O texto, assinado pelos presidentes das entidades, alerta para os riscos à economia nacional, como a desindustrialização, a desorganização de cadeias produtivas e a ameaça a milhares de empregos.
O documento defende um “projeto de desenvolvimento com inclusão e justiça social”, baseado na geração de empregos, no combate à precarização e no fortalecimento do poder de consumo das famílias. “É hora de fortalecer e aprimorar um modelo que reduza nossas vulnerabilidades e enfrente a concorrência predatória”, afirma o texto, que também expressa apoio às ações do governo federal e de outras instituições nacionais no enfrentamento da crise.
LEIA: Em defesa da soberania nacional e contra taxação intervencionista dos EUA
Entre as principais medidas sugeridas está a defesa da produção nacional, com propostas como o fortalecimento de medidas antidumping, o estímulo a compras públicas com conteúdo local e o aumento de investimentos em infraestrutura e inovação tecnológica. O documento também cita a necessidade de revisão da Lei de Patentes e o desenvolvimento de capacidades em áreas estratégicas, como semicondutores e inteligência artificial.
Na área trabalhista, as centrais propõem a proteção do emprego e da renda, com a recriação de programas de qualificação profissional e mecanismos de transição para trabalhadores afetados pela concorrência internacional. Além disso, defendem a ampliação da negociação coletiva, apontando a necessidade de “fortalecer a organização sindical para garantir a negociação coletiva sempre que houver mudanças estruturais nos setores atingidos pela concorrência externa”.
O texto também destaca a importância do diálogo social tripartite, sugerindo a criação de espaços permanentes de discussão entre governo, empresários e trabalhadores para a formulação de políticas industriais, comerciais e tecnológicas. Outro eixo destacado é a transição ecológica justa, com medidas para garantir que a descarbonização da economia seja acompanhada de geração de empregos verdes e estímulo à bioeconomia.
No plano externo, as centrais defendem uma nova estratégia comercial externa, incluindo a revisão de acordos internacionais, o fortalecimento do Mercosul e a busca por novos mercados. “Concebemos o diálogo social como um instrumento estratégico e expressão de soberania”, afirma o documento, que conclui com um chamado para a reconstrução de uma base produtiva moderna, capaz de gerar empregos de qualidade e garantir dignidade aos trabalhadores.
Acesse abaixo a íntegra do documento: