Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (Conselhão) nesta terça-feira (5), as centrais sindicais manifestaram apoio unânime à defesa da soberania nacional diante das tensões comerciais com os Estados Unidos. O grupo entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento com suas propostas para mitigar os efeitos do “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump, que elevou para 50% as tarifas sobre diversos produtos brasileiros. O ‘tarifaço deve entrar em vigor nesta quarta-feira (6).
O documento estabelece um plano de ação baseado em quatro eixos principais: proteção da produção nacional, inovação tecnológica, defesa dos trabalhadores e nova estratégia comercial externa. Dentre as sugestões estão:
- Fortalecimento da produção nacional, via medidas antidumping, compras públicas com conteúdo local e investimentos em infraestrutura e tecnologia;
- Proteção ao emprego, com programas de requalificação profissional e cláusulas de garantia em acordos coletivos;
- Diálogo social tripartite, com criação de câmaras setoriais para políticas industriais e comerciais;
- Transição ecológica justa, vinculando descarbonização à geração de empregos verdes.
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Em seu discurso, Lula afirmou que a “independência e autonomia dos três Poderes no Brasil são inegociáveis” e que a “soberania nacional será defendida sem descanso”. O presidente também criticou ao que chamou de “traidores da pátria” – em referência indireta à família Bolsonaro – por colaborarem com interesses externos contra o próprio país.
“Em nenhum tarifaço aplicado a outros países, houve tentativa de ingerência sobre a independência dos poderes do País. Essa interferência contou com o auxílio de verdadeiros traidores da pátria, que aqui tentaram e defendem publicamente ações contra o Brasil. Vários setores da economia são afetados pela covardia dos que se associaram a interesses alheios ao da nossa nação”, disse.
CSB defende soberania e mudanças na política econômica
Presente no encontro, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, reafirmou o apoio incondicional da central a uma postura intransigente quando o assunto é soberania.
“A soberania nacional não é moeda de troca. Apoiamos firmemente a posição do governo em defender nossa autonomia frente às pressões externas, sem abrir mão dos interesses estratégicos do Brasil. É inaceitável que setores cruciais da economia e milhares de empregos fiquem reféns de decisões unilaterais de outro país”, afirmou.
Antonio Neto ressaltou ainda que a defesa dos empregos e a proteção da economia nacional necessariamente passam por uma revisão do atul modelo econômico, a começar pelo arcabouço fiscal.
“Precisamos urgentemente revogar o arcabouço fiscal asfixiante e adotar uma política monetária que sirva ao desenvolvimento nacional. O Banco Central deve priorizar o fomento à produção e ao emprego, não os lucros do sistema rentista. Só com um Estado atuante protegeremos nossa indústria, nossos empregos e garantiremos a continuidade do nosso desenvolvimento diante dessa retaliação chantagista”, acrescentou.
Minerais estratégicos e diversificação de mercados
Um dos pontos de destaque da reunião foi o anúncio pelo presidente Lula da elaboração de uma política nacional para terras raras e minerais críticos (como nióbio), visando controlar sua exploração.
“Durante séculos, a exploração de riquezas minerais [no Brasil] gerou riquezas para poucos e deixou rastro de miséria para muitos. Estamos construindo uma política nacional que vai garantir que a exploração desses recursos traga ganhos ao povo brasileiro”, contou.
O presidente também destacou os esforços diplomáticos para diversificar mercados, citando a participação em 15 seminários empresariais internacionais e a abertura de 398 novos destinos para produtos brasileiros. “O Brasil nunca saiu da mesa de diálogo”, afirmou Lula, referindo-se às negociações com os Estados Unidos.
Com informações de Agência Gov
Fotos: Ricardo Stuckert/PR