Cerca de 5 mil servidores estaduais de Minas Gerais realizaram um protesto nesta quarta-feira (8) em frente à Assembleia Legislativa, no centro de Belo Horizonte, contra a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governador Romeu Zema.
O projeto de lei 2.309/2024 concede um reajuste salarial linear de 3,62% aos servidores civis e militares do Poder Executivo. Segundo o texto, o percentual teria efeito retroativo a 1º de janeiro deste ano e seria estendido aos servidores inativos e aos pensionistas.
O valor foi recebido com revolta pelos servidores, pois consideram o percentual irrisório diante das perdas inflacionários acumuladas nos últimos anos.
“Vale ressaltar que, enquanto os trabalhadores amargam anos sem reajuste, o governo segue mantendo benefícios fiscais absurdos para empresas, mesmo alegando problemas financeiros”, afirmou a presidente do Sisipsemg (Sindicato dos Servidores do IPSEMG), Antonieta de Faria, que também é secretária nacional da Mulher da CSB.
Na justificativa do projeto apresentada à ALMG, o governador afirma que o percentual foi definido após cálculos de impacto orçamentário e disponibilidade financeira, e fica dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal do estado.
O Sisipsemg é parte da Frente Mineira em Defesa do Serviço Público, que reúne 28 sindicatos de servidores que lutam juntos para proteger os direitos da categoria, que tem sofrido constantes reveses sob o governo Zema. Nesta quarta, os manifestantes levaram faixas com o mote “Fora Zema” e levaram um boneco com a cara do governador dizendo que o estado estava à venda.
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Os sindicatos apontam que o índice não repõe nem mesmo a inflação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) do ano passado, que foi de 4,62%, e é ainda mais irrelevante para categorias que acumulam perdas que chegam a 45%.
Na segunda-feira (6), em entrevista à Rádio Jovem Pan, Zema defendeu sua postura em relação aos servidores e disse que “se alguém acha que o setor público não paga tão bem, pode seguir carreira no setor privado”.
A deputada Bella Gonçalves (Psol), do bloco de oposição ao governo, afirmou que até mesmo a base governista está desconfortável em defender o reajuste proposto.
“Não é um reajuste de fato, porque ele não adequa a inflação acumulada no período em que não teve qualquer reajuste. A gente teria que ter, no mínimo, 11,53% para equiparar o potencial de consumo de salário dos servidores públicos ao que era desde o último reajuste. Outra coisa: ele passa uma régua sobre todas as categorias, sendo que alguns profissionais não têm reajuste há muito mais tempo, caso dos profissionais do ensino superior que tem, hoje, uma perda acumulada de 45%”, argumenta.
Iniciado às 10h na Praça da Assembleia, o protesto reuniu profissionais da saúde, segurança, educação, dentre outras áreas. O ato seguiu em passeata até a MG-10, que liga o centro da capital ao aeroporto de BH.