“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está” – presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) vem a público manifestar sua profunda preocupação e repúdio ao aumento da taxa Selic (para 13,25% ao ano), decidido na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada ontem e hoje. O novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, inicia seu ciclo à frente da instituição frustrando os interesses do Brasil e contrariando a vontade do povo brasileiro, que elegeu o presidente Lula para reverter a lógica neoliberal que castigou os trabalhadores nos últimos anos. Basta de retórica, o Brasil precisa de ação.
Ler também: Mercado financeiro errou 95% das previsões econômicas desde 2021, aponta levantamento
A decisão de elevar ainda mais os juros básicos da economia brasileira, em um momento em que o mundo caminha na direção oposta, condena a semeadura dos últimos dois anos, período em que o governo federal buscou reconstruir o país após os desastrosos efeitos da gestão anterior. Em vez de colher os frutos prometidos, o povo brasileiro pode ser entregue a uma colheita amarga de desemprego, recessão e descrença nas instituições.
A alta da Selic não resolve a inflação atual, que é majoritariamente de oferta e não de demanda. O setor produtivo ainda sofre com a herança dos governos anteriores, e os principais fatores que pressionam os preços – como os custos de combustíveis, energia e os impactos das mudanças climáticas na produção de alimentos – não são influenciados pela taxa de juros.
Pelo contrário, o aumento da Selic só agrava as dificuldades no ajuste das contas públicas, uma vez que cada ponto percentual de elevação amplia em R$ 70 bilhões os gastos com o serviço da dívida, recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação, infraestrutura e geração de empregos.
Ler também: Indústria brasileira cresce, mas juros altos e política externa dos EUA são ameaças
A CSB defende um Banco Central alinhado aos interesses do povo brasileiro e com o projeto de reconstrução e transformação do país. É inadmissível que, em um momento de tantos desafios, a política monetária continue a servir a uma minoria privilegiada, enquanto a maioria sofre com o custo de vida elevado e a incerteza sobre o futuro. O Brasil não pode continuar em um caminho que só beneficia o sistema financeiro, em detrimento dos trabalhadores, das pequenas e médias empresas e do desenvolvimento nacional.
Antonio Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
Foto: José Cruz/Agência Brasil
LEIA MAIS