Indústria brasileira cresce, mas juros altos e política externa dos EUA são ameaças

Dados da Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) revelam que a indústria de transformação no Brasil cresceu 4,6% no terceiro trimestre de 2024, superando a queda de 1% no mesmo trimestre do ano anterior. O valor representa um crescimento duas vezes maior que o do total mundial.

Em comparação, a produção mundial de manufaturados cresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2024, o que representa menos da metade do que foi registrado no segundo trimestre. O estudo indica que houve uma queda de produção na Europa, na América do Norte e na maioria dos países com alto desenvolvimento industrial.

O setor industrial da China segue estável ao crescer 1,1%, porém apresenta percentual um pouco inferior aos 1,5% registrados no trimestre imediatamente anterior. Apesar do ritmo acelerado de crescimento da indústria brasileira, há um temor de que o avanço possa ser freado devido ao novo ciclo da política monetária do Banco Central, que aponta para crescimento da taxa básica de juros (Selic).

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“Não acredito que vá reverter, mas com certeza prejudicará. Em 2024, pela primeira vez na última década, a indústria total (transformação mais extrativa) crescerá com certo vigor sem ter se contraído no ano anterior. E será a primeira vez que a indústria de transformação crescerá de modo a compensar toda retração do ano anterior”, diz Rafael Cagnin, economista do IEDI (Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Industrial).

Há também uma preocupação com o impacto da política econômica dos Estados Unidos, com a pressão do governo Donald Trump para que o Fed (banco central dos Estados Unidos) abaixe os juros e aumente a tarifa sobre importações, provocando uma maior presença de produtos manufaturados chineses no Brasil.

“O aumento de alíquotas a produtos chineses tende a levar a mais uma fase de desvio de comércio para outros destinos. Isso significa maior pressão concorrencial de produtos chineses no mercado interno brasileiro, mas também em outros mercados externos importantes para a indústria brasileira”, explica Cagnin.

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O IEDI ressalta que iniciativas importantes favorecem o investimento no setor industrial, como a iniciativa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que busca fomentar a inovação, digitalização e sustentabilidade, impulsionando a produção de bens de capital e de consumo duráveis e, também as emissões de Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD), que impulsionam o BNDES e, consequentemente, suas operações.

Cagnin ainda reforça que a alta do dólar acaba favorecendo a produção nacional, ainda que facilite a presença de produtos importados em alguns setores.

“O problema é que, via de regra, nosso câmbio se desvaloriza em um ambiente de aumento de incertezas e aversões a risco, tal como agora. No mundo produtivo, os efeitos não são imediatos. A mudança de patamar da taxa de câmbio por um período previsível e relativamente longo é o que é importante”, afirma.

Com informações de Folha de S. Paulo
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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