Durante toda a manhã desta quinta-feira (03), o presidente do Sintramotos e da CSB (Central de Sindicatos Brasileiros, vereador Cacá Pereira, motofretistas, advogados, empresários e interessados participaram de uma audiência pública promovida pelo Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR), voltada aos trabalhadores em aplicativos de entrega (como a Uber, por exemplo). Na oportunidade foi discutida a chamada “Economia Gig” – algo como uma “economia sob demanda” – e a tutela dos direitos sociais. A ideia, segundo o procurador do MPT-PR, Alberto Emiliano de Oliveira Neto, era discutir como os avanços tecnológicos afetam o mundo do trabalho, especialmente em função dos empregos por meio de plataformas digitais.
“A profissão de motofretista não é nova. Existe a Lei 12.009/09, que é um conjunto de regras para a segurança dos trabalhadores, mas que não é cumprida. A lei também não é nova. Por isso pedimos o apoio do Ministério Público para que as empresas de aplicativos só contrate, ou use profissionais regulamentados”, disse Cacá Pereira. Conforme o sindicalista, muitas das empresas de app usam motofretistas que não têm curso de capacitação, por exemplo, que é exigido pela Lei 12.009 e isso coloca em risco a vida do trabalhador. “Não existe uma nova profissão. Não é um novo trabalho com um sistema novo. É a mesma profissão mas atuando com um novo formato. O Sindicato defende os direitos dos trabalhadores, e temos que começar a filtrar, temos que ter todos os profissionais regulamentados”, afirma.

A reclamação dos motofretistas presentes ao eventos é quanto aos direitos trabalhistas que eles não têm. Algumas empresas, inclusive, têm em seu rol de trabalhadores, motofretistas que não têm regulamentação e são inexperientes com o motofrete.
O advogado trabalhista Fabrício Gonçalves, disse que as plataformas são uma forma de precarização do trabalho e o grande problema é o vínculo de emprego, que é meramente interno. A meu ver isso é um problema que não tem mais volta. Já a advogada Ana Amélia Mascarenhas Camargos, informa que os trabalhadores são microempresário individual e, por essa razão, pagam INSS e têm garantias de aposentadoria e auxílio doença. “Mas, ainda é de vital importância a profissionalização do motociclista porque assim estará mais seguro”, explica.
O procurador Alberto Emiliano de Oliveira Neto, disse que o Ministério Público do Trabalho do País tem uma grande preocupação com este segmento, uma vez que os trabalhadores estão sem ligação direta com direitos sociais . “Por isso, estamos buscando uma narrativa sólida, não só da academia, mas também da categoria, para que, o MPT, enquanto defensor e protetor da ordem jurídica tem a preocupação com a formalização da relação da empresa com o empregado”, garante.
Já o advogado André Ziper, cuja tema de doutorado foi plataformas digitais, fez um diagnostico sombrio do futuro. Segundo ele, daqui a 20 anos, não haverá mais subordinação, e 25% do trabalho será feito por aplicativos. Em 15 anos, afirma ele, 68% do trabalho que existe hoje vão desaparecer, e 47% dos trabalhadores que existem hoje não vão mais desempenhar a mesma função, que deixou de existir. “Os sindicatos estão acabando. As pessoas estão discutindo pela internet as suas questões, por meio de fóruns. Lutar contra a tecnologia é o mesmo que ficar embaixo de uma cachoeira para que a água não bata no chão. Os sindicatos deveriam se preocupar mais em entender o que é algorítimo para propor um contra modelo do que já existe”, afirma.

De acordo com o procurador do MPT, a audiência pública realizada é a base de tudo que será feito para frente. “A conclusão pode resultar em cunho repressivo, investigações às empresas sobre o direito social vinculante e o cumprimento de suas funções institucionais, e o começo da tutela efetiva dos direitos sociais”, finalizou Alberto Oliveira Neto.
Fonte: CSB-PR







