Seminário da Femergs com a CSB discute precarização e direitos dos servidores

Neste sábado (27), sindicalistas, juristas e servidores municipais do Rio Grande do Sul reuniram-se na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, em Porto Alegre, para o “XIII Seminário de Qualificação do Servidor Público Municipal” promovido pela Federação dos Municipários do Rio Grande do Sul (Femergs).

O primeiro painel do dia contou com a participação do presidente nacional da CSB, Antonio Neto, e da presidente da Femergs, Clarice Inês Mainardi, que discutiram as novas relações de trabalho e o sindicalismo no serviço público.

Clarice comparou a resiliência dos funcionários públicos diante da precarização aos prédios em Taiwan que, após o forte terremoto que atingiu a ilha no início do mês, envergaram, mas não desmoronaram.

“Nós servidores precisamos fazer uma reflexão: será que o servidor não leva muito a sério essa capacidade de adaptação e acaba vivendo com salários indignos, tratamentos desrespeitosos. Nos acostumamos a tirar da nossa família para sobreviver 30 dias com nosso salário. Aceitamos, sem questionar, ficar sem receber a reposição da inflação. Não temos regulamentada nem uma lei e nem mesmo uma jurisprudência no STF que garanta a nós um salário mínimo como inicial de carreira”, afirmou.

Antonio Neto destacou como a precarização do trabalho foi institucionalizada desde a Reforma Trabalhista de 2017 e outras leis aprovadas durante os governos Temer e Bolsonaro, que visaram acima de tudo o enfraquecimento dos sindicatos sob os pretextos de liberdade e modernização das relações de trabalho.

Em relação aos servidores, ele lembrou o caso da regulamentação da Convenção 151 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que garante direitos sindicais a trabalhadores da administração pública. Um projeto de lei debatido com entidades representativas dos servidores chegou a ser aprovado com unanimidade no Congresso, mas foi vetado na íntegra pelo então presidente Michel Temer e não teve o veto derrubado pelas casas.

Hoje o cenário se inverteu. Muitas das demandas dos trabalhadores encontram espaço para debate e apoio dentro do governo federal, mas sofrem grande resistência ou até mesmo bloqueio total dentro do Congresso, formado majoritariamente por parlamentares de direita e extrema-direita.

“Quando o presidente [Lula] nos chamou lá [Palácio do Planalto] em 18 de janeiro do ano passado a minha fala foi a seguinte: presidente, temos 700 dirigentes sindicais nessa sua sala no Palácio do Planalto, ainda destruído pela barbárie que aconteceu em 8 de janeiro, a expectativa desses 700 que estão aqui é que o senhor revogue numa MP três leis que foram muito ruins para o povo brasileiro: a Lei da Liberdade Econômica, a Lei da Terceirização e a Reforma Trabalhista. Teria uma quarta também que é a Reforma da Previdência. Aí ele disse que nós temos que ter paciência porque desta forma teríamos problema do outro lado da rua [com o Congresso] e é verdade. Até temas que o Supremo [Tribunal Federal] decide de uma forma, ele [o Congresso] vai lá e faz uma lei dizendo o contrário, causando uma discussão eterna. E não é mais uma discussão serena, temática, com clareza, é uma discussão irracional, de ódio”, explicou.

O presidente da CSB ressaltou que a regulamentação da Convenção 151 está novamente em debate em um grupo de trabalho do qual a central participa e que muito em breve deve ser apresentado um novo projeto de lei a ser encaminhado novamente para o Congresso.

Neto disse que, apesar de já haver jurisdição suficiente que demonstra que os termos da Convenção são autoaplicáveis segundo a Constituição, governos estaduais e municipais se utilizam dessa brecha para negar direitos sindicais aos funcionários públicos.

Em seguida, o seminário seguiu com um workshop sobre insalubridade, normas regulamentadoras e riscos à saúde no serviço público e foi encerrado com uma palestra sobre saúde mental, uma questão que tem afligido um número cada vez maior de servidores que sofrem com depressão e outras doenças mentais relacionadas ao stress no trabalho.

Assista a todas as palestras no Facebook da Femergs clicando aqui.

Compartilhe:

Leia mais
reunião tst centrais sindicais
Centrais têm reunião com presidente do TST sobre contribuição assistencial e emprego no RS
APOIO À NOTA TÉCNICA Nº 09 DA CONALIS
Centrais sindicais dão apoio à Nota Técnica da Conalis (MPT) sobre contribuição assistencial
acordo rodoviários porto alegre trt
Rodoviários de Porto Alegre terão reajuste no salário e no vale-alimentação
Apoio Financeiro RS prorrogado
Governo amplia prazo para empresas do RS aderirem a Apoio Financeiro a funcionários
prodesp descumpre cota jovem aprendiz
Tarcísio promete 60 mil vagas de Jovem Aprendiz, mas Prodesp descumpre cota
Fachada ministério do trabalho
Ministério do Trabalho notifica 1,3 mil sindicatos para atualizar informações; acesse a lista
falecimentot josé alberto rossi cnpl
Nota de pesar: CSB lamenta falecimento de José Alberto Rossi, ex-presidente da CNPL
3a plenaria conselhao
Centrais defendem esforço maior contra a desigualdade em plenária do Conselhão
Desemprego no Brasil cai em 2024
Desemprego no Brasil cai de 8,3% para 7,1% em um ano; massa salarial cresceu 5,6%
Encontro sindicatos BR-CHINA SP 2
CSB recebe sindicalistas chineses para apresentar atuação sindical no Brasil