Diferença salarial entre homens e mulheres é de 20,9%, aponta relatório mais recente

A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou, mas a desigualdade salarial persiste. O 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado nesta segunda-feira (7) , aponta que as mulheres ganham 20,9% a menos que os homens nos 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados.

Os números fazem parte do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024. Foram analisados 19 milhões de vínculos, 1 milhão a mais comparado com a RAIS de 2023. No primeiro relatório, a desigualdade foi de 19,4% e no segundo, 20,7%.

Na remuneração média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres ganham R$ 3.755,01. Já quando se trata de mulheres negras, o salário médio vai para R$ 2.864,39, valor ainda mais distante em relação a homens não negros – cuja média é de R$ 3.647,97 – quando comparado com relatórios anteriores. Em 2024, elas recebiam em 47,5% do que recebiam em os homens não negros – em 2023, recebiam 50,3%.

O relatório apontou ainda que, caso as mulheres ganhassem igual aos homens na mesma função, mais R$ 95 bilhões teriam circulado na economia em 2024.

A secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CSB, Antonieta de Faria, acompanhou a divulgação dos dados nesta segunda em Brasília e considera que os resultados apontam que ainda há muito trabalho a ser feito.

“Temos que ficar vigilantes em uma luta constante para que esses resultados melhorem. Teve um pequeno avanço, mas é necessário o comprometimento de todos para que melhore de fato. Ainda estamos muito aquém do que é preciso para chegar ao menos perto da igualdade salarial”, afirmou.

Antonieta de Faria representou a CSB na divulgação do relatório

Para a ministra da Mulheres, Cida Gonçalves, é necessário uma mudança estrutural para que a igualdade salarial se torne realidade. “A desigualdade salarial entre mulheres e homens persiste porque é necessário que haja mudanças estruturais em nossa sociedade, desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho do cuidado à mentalidade de cada empresa, que precisa entender que ela só irá ganhar tendo mais mulheres compondo sua força de trabalho, e com salários maiores”, disse.

Dentre os dados mais positivo, estão a queda no número de estabelecimentos com no máximo 10% de mulheres negras, comparado com os dados da RAIS de 2023. No relatório anterior, havia 21.680 estabelecimentos, enquanto em 2024 são 20.452. 

Houve também um crescimento na participação das mulheres negras no mercado de trabalho, passando de 3.254,272 mulheres negras para 3.848.760. Aumentou ainda o número de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para as mulheres e homens.

Segundo a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, a porcentagem da massa de todos os rendimentos do trabalho das mulheres, entre 2015 e 2024, variou de 35,7% para 37,4%. “Essa relativa estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, uma vez que o número delas no mercado de trabalho é crescente”, argumenta Paula.

As mulheres ocupadas aumentaram de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões (+6 milhões) em 2024 e os homens de 53,5 milhões para 59 milhões (+5,5 milhões) no mesmo período em 2024. Dados da RAIS de 2024 apontam que a parcela de mulheres ocupadas aumentou para 40,6%, elevando o número de mulheres empregadas para 7,7 milhões.

O relatório aponta que as mulheres diretoras e gerentes recebem 73,2% do salário dos homens. Já as profissionais em ocupação de nível superior recebem 68,5% do salário dos homens. As trabalhadoras de serviços administrativos recebem 79,8% dos salários dos homens. Os estados como Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e Distrito Federal têm as menores desigualdades salariais.

Mulheres das centrais sindicais com a ministra Cida Gonçalves

O que explica a diferença?

O relatório aponta que 56,1% das empresas analisadas possuem planos de carreira e cargos estruturados. No entanto, diversos fatores ainda contribuem para a desigualdade salarial, como critérios subjetivos e benefícios específicos que impactam de forma distinta homens e mulheres.

Critérios citados pelas empresas para a diferenciação salarial:

• Tempo de experiência na empresa: 76,8%

• Metas de produção: 64,7%

• Flexibilização da jornada: 42,5%

• Apoio à parentalidade de mulheres: 30,7%

• Incentivo à contratação e promoção de mulheres: 39%

• Auxílio-creche: 22%

• Licença maternidade e paternidade estendidas: 21,2%

• Mulheres negras: 24,5%

• Pessoas com deficiência: 21,2%

• LGBTQIA+: 19,5%

• Chefes de família: 19,1%

• Indígenas: 7,5%

• Vítimas de violência: 5,6%

Lei da Igualdade Salarial

A Lei da Igualdade Salarial, sancionada em julho de 2023 pelo presidente Lula, reforça o direito à remuneração igual para homens e mulheres que exercem funções equivalentes. A legislação exige que empresas com mais de 100 empregados adotem medidas efetivas para assegurar a equidade, como transparência nos salários, canais de denúncia, ações de fiscalização, programas de diversidade e apoio à capacitação feminina.

Fotos: divulgação/CSB

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