Central dos Sindicatos Brasileiros

CSB cobra promessa de Dilma de não mexer nos direitos dos trabalhadores

CSB cobra promessa de Dilma de não mexer nos direitos dos trabalhadores

Central critica proposta da equipe econômica de cortar abono salarial e seguro desemprego para fazer caixa

Sob a alegação de cortar os gastos, a equipe econômica do governo federal pressiona o movimento sindical a aceitar uma série de medidas que visam cortar benefícios e direitos dos trabalhadores. Uma delas refere-se à reforma do abono salarial, benefício regulamentado pela Lei 7.998/1990 e que consiste no pagamento de um salário mínimo ao trabalhador que recebe até dois salários mínimos por mês.

A proposta de mudança determina que o valor do benefício será proporcional aos meses trabalhados e pago mensalmente, e não de uma única vez, como ocorre atualmente. Aliado a este mecanismo e sob a justificativa de preservar empregos, o governo insiste na criação de um Fundo para dividir com as empresas as despesas no período de layoff, com o objetivo de impedir a demissão dos funcionários.

Para a CSB, a política do layoff e a criação desse fundo de amparo ao emprego é uma falácia. O presidente da Central, Antonio Neto, explica que discutir uma política de suposta manutenção de empregos, em um momento no qual os dados do próprio governo apontam para o pleno emprego no País, é incoerente.

“Esse fundo, na verdade, deveria se chamar ‘Fundo de Amparo dos Lucros’, já que se destina somente a beneficiar as multinacionais. As montadoras estrangeiras de automóveis vivem ‘eterna’ crise, e – a cada momento – fazem chantagem com o governo para arrancar mais benefícios, como isenção fiscal ou facilidades para aumentar seus dividendos de remessa de lucros, em detrimento da valorização dos profissionais que nelas atuam”, critica o dirigente.

Segundo dados do Dieese, a remessa de lucros e dividendos das multinacionais estrangeiras instaladas no Brasil vem aumentando de maneira significativa nos últimos anos. O volume de recursos enviados ao exterior totalizou US$ 23,8 bilhões, em 2013, com aumento de 107% em relação a 2006.

Antonio Neto reforça que a CSB acredita que a presidenta reeleita, Dilma Rousseff, não acatará as propostas de mudança da equipe econômica sobre o abono salarial e uso dos recursos do FAT para socorrer as multinacionais. “Um dos motes da campanha da Dilma foi o slogan NemQueaVacaTussa, no qual ela se comprometeu a não retirar os direitos dos trabalhadores nem flexibilizar a CLT”, diz o dirigente.

“E nós acreditamos na palavra e no compromisso da presidenta. Ela não pode permitir que a atual ou a próxima equipe econômica tentem tapar os buracos no orçamento, se é que eles existem, com o corte de benefícios e direitos que os trabalhadores conquistaram ao longo de tantas décadas de luta. Este não é o caminho. Não foi para isso que o Brasil elegeu Dilma Rousseff”, completa Neto, analisando que seria um erro grave.

Números

O argumento da equipe econômica para as mudanças nos direitos estabelecidos dos trabalhadores versa sobre o controle e a economia que o governo fará nas contas da União, com cifras que chegariam a R$ 10 bilhões por ano, uma vez que os gastos com o pagamento do abono salarial, segundo o governo, ficaram em R$ 14,7 bilhões em 2013.

De maneira analítica, alguns dados apontam custos muito maiores em outros segmentos. Os gastos do governo com os juros da dívida pública somaram, no mesmo período, R$ 249 bilhões, de acordo com os dados do Banco Central. E com a corrupção, o Brasil perde entre R$ 40 bilhões e R$ 84,5 bilhões por ano na esfera federal, conforme estudos já realizados por instituições como a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na avaliação da CSB, a comparação destes gastos – e perdas de recursos – com os custos pelo pagamento do abono salarial é absolutamente desigual e permite atestar que a desejada economia nas contas da União poderá ser administrada de maneira mais austera se o governo se comprometer a aplicar outros mecanismos para impedir que bilhões sejam retirados do povo e dos trabalhadores brasileiros.

“O governo não pode lamentar os custos com o pagamento do abono, mas, em contrapartida, permitir que muitos outros bilhões sejam mandados para fora do País, desviados ou então mal administrados dentro do Brasil. Esta comparação nos mostra que é urgente percebermos que destruir direitos dos trabalhadores compromete o projeto desenvolvimentista nacional implantado, com sucesso, há mais de dez anos”, conclui Antonio Neto.