Trabalhadores CLT pagam mais juros no consignado que servidores e aposentados

Trabalhadores de empresas privadas que recorrem ao crédito consignado pagam taxas de juros significativamente mais altas do que aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e servidores públicos. De acordo com um levantamento do Procon-SP em seis bancos de São Paulo, a taxa máxima para aposentados foi de 1,80% ao mês, enquanto para celetistas chegou a 6,49%, mais que o triplo do valor.

A pesquisa também revelou que servidores públicos costumam ter melhores condições de crédito que trabalhadores da iniciativa privada, o que tem relação com a estabilidade no emprego desses profissionais.

Hoje, funcionários de empresas privadas só podem contratar crédito consignado nos bancos conveniados às suas empregadoras. No entanto, o novo modelo de consignado privado que foi lançado pelo governo nesta quarta0-feira (12) permitirá que instituições financeiras ofereçam empréstimos diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.

A advogada Bárbara Félix explica que a disparidade nas taxas ocorre porque os bancos avaliam o rico do tomador de crédito. “Servidores públicos federais, por exemplo, têm vínculo empregatício considerado mais estável, e têm taxas melhores que trabalhadores da iniciativa privada e servidores municipais e estaduais”, diz.

O levantamento do Procon-SP mostrou que as taxas variam entre as instituições financeiras. Para um contrato de 12 meses, o Banco do Brasil apresentou uma taxa de 3,26% ao mês, enquanto o Banco Safra chegou a 6,49%. Já para contratos de 48 meses, o Santander cobrou a taxa mais alta para celetistas, atingindo 5,89% ao mês.

Félix estaca que cada banco adota uma estratégia de risco e rentabilidade. “Instituições que conseguem captar dinheiro a juros mais baixos tendem a oferecer taxas menores, enquanto aquelas que captam recursos a um custo mais alto tendem a cobrar mais”.

Comparação das taxas identificados pela pesquisa do Procon-SP:

Com prazo de 12 meses

BancosServidor público estadual de São Paulo (ao mês)Aposentado do INSS
(ao mês)
Empresa privada
(ao mês)
Banco do Brasil2,56%1,80%3,26%
Bradesco4,07%1,80%5,20%
Caixa Econômica Federal2,90%1,80%4,76%
Itaú1,99%1,80%4,12%
Safra2,49%1,80%6,49%
Santander2,92%1,80%5,87%
Média2,82%1,80%4,95%

Com prazo de 48 meses

BancosServidor público estadual de São Paulo (ao mês)Aposentado do INSS
(ao mês)
Empresa privada
(ao mês)
Banco do Brasil2,56%1,80%3,26%
Bradesco4,25%1,80%4,46%
Caixa Econômica Federal2,90%1,80%4,76%
Itaú2,20%1,80%4,50%
Safra2,49%1,80%2,89%
Santander3,23%1,79%5,89%
Média2,94%1,80%4,29%

O Bradesco, que apresentou uma das maiores taxas para servidores públicos, afirmou que os números da pesquisa não refletem a média de seus contratos, que podem ter taxas a partir de 1,30% ao mês. Já o Itaú, que registrou uma das menores taxas para servidores, declarou que suas condições seguem critérios como custos operacionais e risco de inadimplência.

Apesar das taxas altas para trabalhadores privados, o crédito consignado ainda apresenta juros menores do que outras modalidades de crédito pessoal. Segundo o Banco Central, em dezembro de 2024, a taxa média anual do consignado para aposentados foi de 21,9%, enquanto o cheque especial atingiu 136% ao ano e o rotativo do cartão de crédito chegou a 450,5%.

Taxas médias de juros por modalidade (% ao ano)

DataCheque especialConsignado para servidoresConsignado para trabalhadores do setor privadoConsignado para beneficiários do INSSCartão de crédito rotativoCartão de crédito -parcela
Dezembro de 202413623,840,821,9450,5171,2

A advogada alerta que, ao contratar um consignado, é essencial observar não apenas a taxa de juros. “Em algumas situações, são oferecidas taxas de juros aparentemente atrativas, mas, ao analisar o CET (Custo Efetivo Total), é possível identificar cobranças adicionais, como seguros e taxas administrativas, que elevam significativamente o valor final do empréstimo”, explica.

Além de comparar as taxas entre bancos, os consumidores devem tomar precauções para evitar fraudes. Golpes envolvendo empréstimos consignados não solicitados são comuns, especialmente entre idosos, aposentados e pensionistas do INSS. Algumas dicas para evitar golpes são:

  • Não fornecer dados pessoais ou bancários a terceiros sem verificador a idoneidade da instituição;
  • Se um empréstimo for depositado sem autorização, não movimentar o dinheiro e comunicar o banco imediatamente para solicitar o cancelamento.

Caso sofra prejuízo, o consumidor pode recorrer ao Banco Central, Procon, INSS e ouvidorias das instituições financeiras.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução)

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