O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloízio Mercadante, anunciou nesta quinta-feira (25) novas linhas de crédito para a indústria. O anúncio foi feito durante o evento “Dia da Indústria”, realizado na Fiesp, em São Paulo.
Dentre as linhas que serão disponibilizadas para o setor industrial estão uma de R$ 2 bilhões em que o BNDES reduzirá seu spread em 61% e outra também de R$ 2 bilhões nas mesmas condições já oferecidas para o agronegócio. Ambas são voltadas para bens de exportação.
“É preciso ter orgulho de o país ser a grande fazenda do mundo, com exportação de alimentos, mas não seremos uma nação desenvolvida sem indústria. A indústria que gera valor agregado, que gera tecnologia, que gera inovação, que gera emprego qualificado, que gera pesquisa”, falou sob aplausos dos convidados.
Outro anúncio muito celebrado pelos presentes foi a liberação de um crédito de R$ 20 bilhões para a inovação. A quantia deverá ser cedida ao longo de quatro anos, com juros subsidiados de 1,7% ao ano, e dois anos de carência.
“E não me venham falar que subsídio é jabuticaba, eu citei aqui os exemplos dos Estados Unidos e da Europa [subsidiando a produção industrial]. Jabuticaba é ter a maior taxa de juros com uma das menores inflações do planeta”, argumentou.
Planos futuros
Mercadante citou ainda algumas mudanças e propostas nas quais a equipe do BNDES ainda trabalha junto a outros órgãos e ministérios para viabilizar.
Ele criticou, por exemplo, o fato de o BNDES pagar hoje 60% de dividendos, devolvendo seu lucro para o Tesouro Nacional em vez de reinvestir a quantia que, para ele, deveria ser utilizada para “financiar a indústria, para crédito para barato, para investimento em produção e desenvolvimento do país”.
A cobrança de IOF por parte do BNDES também foi questionada. Para Mercadante, ela não deveria ocorrer já que se trata de um banco público.
Além disso, ele defendeu a criação da Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), no mesmo modelo das que existem para o agronegócio (LCA) e para o setor imobiliário (LCI), como mais uma fonte de recursos para fomentar a reindustrialização.
Ainda no sentido do esforço para reindustrializar o país, Mercandante destacou a importância de garantir a desoneração do setor na reforma tributária, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que é sua próxima prioridade após a aprovação do Novo Arcabouço Fiscal.
“O Brasil pode ser uma grande plataforma de atração de investimentos, mas precisamos fazer uma reforma tributária que desonere a indústria, porque é ela que carrega a carga tributária. E ela não vai conseguir se desenvolver se nós não enfrentarmos unidos essa reforma”, afirmou.
Apoio da centrais sindicais
No último dia 12 de maio, Mercadante apresentou aos dirigentes das centrais sindicais seus planos para o BNDES e recebeu o apoio dos sindicalistas pelo foco na indústria, geração de empregos e valorização das empresas nacionais.
“É animador ouvir do novo presidente que o BNDES irá priorizar pautas tão importantes para o país, indo na contramão dos últimos governos que submeteram o BNDES à irrelevância”, declarou Antonio Neto, presidente da CSB, após a reunião.
Três dias depois, em 15 de maio, as centrais conversaram com o presidente da Fiesp, Josué Gomes, e todas as parte concordaram com a necessidade de trabalharem juntas para defender a indústria nacional.
Este apoio se deve especialmente ao fato de que é a indústria que gera mais empregos proporcionalmente, além de oferecer os melhores salários e condições aos trabalhadores.
“Chegou o momento de empresários e trabalhadores darem as mãos e cobrarem do país um projeto de desenvolvimento nacional”, disse Josué Gomes no encontro.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil