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Analistas projetam recuo recorde do desemprego em dezembro

Analistas projetam recuo recorde do desemprego em dezembro

Se confirmadas as expectativas, taxa fechará 2013 em 5,4%

A dinâmica mais moderada do mercado de trabalho que marcou 2013 vai continuar a ser observada em dezembro, avaliam economistas, mas a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país deve continuar em trajetória de queda. Embora a criação de ocupações tenha perdido fôlego ao longo do ano passado como reflexo da atividade morna, a proporção de desempregados em relação à População Economicamente Ativa (PEA) não aumentou, porque menos pessoas procuraram emprego no período.

A estimativa média de 19 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data aponta que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas cedeu de 4,6% em novembro para 4,3% em dezembro – menor patamar para qualquer mês da nova série da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, iniciada em março de 2002. As projeções para o dado do último mês do ano passado, a ser divulgado hoje, vão de 4,2% a 4,5%.

Se confirmadas as expectativas, o desemprego anual continuará marcando recordes históricos de baixa, ao passar de 5,5% em 2012 para 5,4%. Para 2014, especialistas afirmam que essa tendência pode ser interrompida à medida que a PEA volte a mostrar um comportamento mais próximo do padrão dos últimos anos, ainda que aumentos fortes da desocupação estejam descartados.

A equipe econômica do Itaú Unibanco estima que o desemprego diminuiu para 4,2% em dezembro, o que, com ajuste sazonal do banco, resulta em recuo menor, de 5,1% para 5%. De acordo com o Itaú, a população ocupada deve crescer ligeiramente em relação ao mês anterior, mas mostrará queda de 0,5% sobre igual período de 2012. Já a PEA deve recuar 0,8% na mesma ordem, preveem os economistas da instituição, o que significa que a desocupação se mantém baixa, porque menos pessoas procuram trabalho.

“O mercado de trabalho passa por um período de moderação. Apesar do desemprego historicamente baixo, seus componentes mostram enfraquecimento devido à ocupação e à renda”, diz Fabio Romão, da LCA Consultores. A LCA trabalha com desemprego de 4,4% em dezembro, mas Romão ressalta que, feito o ajuste sazonal, a desocupação ficaria em 5,2% no mês passado, praticamente estável em relação ao percentual de 5,1% de novembro.

Ao longo de 2013, diz o economista, a criação de novas vagas perdeu ímpeto em resposta à desaceleração da atividade que ocorreu a partir do terceiro trimestre de 2011. Em seus cálculos, a população ocupada cresceu apenas 0,7% no ano passado, após ter avançado 2,2% em 2012. Mesmo assim, Romão aponta que o desemprego permaneceu em níveis aquecidos, porque a PEA também teve comportamento menos vigoroso no ano passado, com alta de 0,6%. Entre 2004 e 2012, a PEA se expandiu a uma média anual de 1,6%.

Romão relaciona essa evolução atípica da PEA ao adiamento da entrada de jovens no mercado de trabalho – que, com o histórico de aumento da renda familiar nos anos anteriores a 2013, podem passar mais tempo dedicando-se exclusivamente aos estudos – e também à saída da força de trabalho de aposentados que não precisam mais de um emprego para complementar seus rendimentos.

Para Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, a desaceleração dos ganhos salariais dos ocupados ocorrida no ano passado pode ter tornado o mercado de trabalho menos atrativo para jovens e também para pessoas mais velhas. Nas estimativas do economista, o avanço do rendimento médio real dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas passou de 4,1% em 2012 para 1,6% no ano seguinte.

Em 2014, Bacciotti avalia que a renda real dos trabalhadores vai crescer pouco menos do que no ano passado, em função do reajuste real menor do salário mínimo, de 1%, e também de perspectivas de desempenho ainda modesto da atividade e de um nível mais elevado de inflação. Com dois anos seguidos de ganhos salariais pouco robustos, diz o economista, é de se esperar que mais pessoas voltem a procurar uma ocupação para complementar o orçamento familiar, o que deve levar a ligeira alta do desemprego. No cenário da Tendências, a taxa de desocupação será de 5,7% na média deste ano.

Com expectativa semelhante, Romão, da LCA, projeta que o desemprego vai subir para 5,6% este ano. Para a consultoria, o percentual de desocupados só aumentaria para níveis próximos de 6,5% em casos “extremos”, se o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) arrefecesse para 1%. Para 2014, a expectativa da consultoria é de avanço de 2,3% da economia.

“Hoje existe uma reticência maior do empregador em demitir, pela dificuldade em obter mão de obra qualificada e também pelo aumento da formalização”, diz Romão, o que tornou a estrutura do mercado de trabalho brasileiro mais rígida.

Fonte: Valor Econômico

Foto: Rodrigo Sena