Centrais sindicais farão ato contra juros altos: cada 1% na Selic custa R$ 38 bi ao povo

As centrais sindicais seguem na luta contra os juros altos praticados pelo Banco Central. Na próxima terça-feira, 30 de julho, as centrais farão um ato em frente à sede do BC em São Paulo, na Avenida Paulista, na sede em Brasília e em outras representações regionais do BC pelo país.

No dia 30, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fará mais uma reunião para decidir se mantém, corta ou aumenta a taxa Selic, atualmente em 10,5%. Este número coloca o Brasil no patamar de segunda maior taxa real de juros do mundo, tendo em vista a inflação acumulada de 4,23% nos últimos 12 meses até junho deste ano.

O movimento sindical considera a taxa de juros praticada pelo Banco Central abusiva e um ataque aos interesses do país, uma vez que beneficia apenas o setor financeiro, enquanto trava o desenvolvimento do país e a geração de empregos dificultando o acesso a crédito e o investimento.

Veja também: Centrais pedem redução dos juros: “por desenvolvimento com justiça social”

Além disso, as centrais têm denunciado como a trajetória da política de juros do BC, tornado independente durante o governo Bolsonaro, tem sido incoerente e atendido às expectativas do mercado financeiro, em vez de se ater ao seu papel de promover o “bem-estar econômico da sociedade”, conforme afirma a própria instituição.

Cada 1% da taxa de juros significa R$ 38 bilhões que a União precisa entregar ao setor financeiro, segundo estimou o vice-presidente Geraldo Alckmin. Como a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais entre agosto de 2020 (2%) – ano em que a inflação estava num patamar próximo ao atual – e dezembro de 2022 (13,75%), o impacto foi de R$ 446,5 bilhões.

Para se ter uma ideia, o déficit deste ano está previsto para fechar em R$ 28,8 bilhões. Ou seja, um corte de menos de 1% na Selic seria o suficiente para zerar o déficit de 2024 sem ser necessário fazer qualquer corte em programas sociais e investimentos essenciais para a população.

Pedido de investigação

A manutenção da taxa de juros em níveis tão elevados injustificadamente levou o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) a pedir uma investigação sobre a influência dos bancos e instituições financeiras sobre as decisões do Copom.

Leia mais: Procurador pede investigação sobre influência de bancos na definição dos juros pelo BC

O subprocurador-geral Lucas Furtado escreveu no pedido que há um “constante aumento dos indícios de que pode estar havendo manipulação de índices macroeconômicos por parte de grandes bancos e instituições financeiras, sobretudo por meio do denominado Boletim Focus e do seu efeito nas decisões tomadas pelo Copom.”

“Ademais, vejo que se pode estar diante de fatos que podem comprovar que a definição da taxa básica de juros do país em níveis estratosféricos não possui o efeito de controlar a inflação, conforme alega o Bacen, mas sim o de quebrar o país, enriquecendo alguns aplicadores do mercado”, diz.

Apoio da população

Uma pesquisa Quaest divulgada em 10 de julho mostrou que 66% dos entrevistados concordam com as críticas de Lula ao Banco Central. Em uma das ocasiões, o presidente Lula afirmou que a inflação está controlada e é preciso baixar a taxa de juros para um índice compatível.

“Agora fica-se inventando o discurso de inflação do futuro, o que vai acontecer. Vamos trabalhar em cima do real”, disse em entrevista à rádio CBN no mês passado.

“O presidente do Banco Central não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, tem lado político e, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar”, falou.

Relacionada: BC controla inflação de “forma burra” ao manter juros altos, diz Marinho

Compartilhe:

Leia mais
regulamentação trabalho aplicativos união europeia
União Europeia: o trabalho em plataformas digitais exige regulação, por Clemente Ganz Lúcio
processos justiça trabalhista
Sobre números e narrativas na Justiça Trabalhista, por Guilherme Guimarães Feliciano
campanha contra escala 6x1 presidente prudente
Conselho Intersindical de Presidente Prudente intensifica campanha pelo fim da escala 6x1
encontro executiva nacional csb 2025
Encontro da Executiva Nacional 2025 tem programação e local confirmados! Participe!
Panfletagem março mulher
Centrais dão início à campanha "Março Mulher" com panfletagem sobre Política Nacional de Cuidados
saque fgts saldo bloqueado
Liberação de saldo bloqueado por saque-aniversário do FGTS começa hoje; veja calendário
fgts ações trabalhistas
TST altera regras para pagamento do FGTS e multa rescisória em ações; entenda
Cena de ainda estou aqui
Centrais sindicais pedem fortalecimento da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos
Nota de pesar Bartolomeu França
CSB lamenta falecimento de Bartolomeu França, dirigente da CSB-RJ e do Sinab
Justiça EUA barra demissão servidores Trump
Justiça atende a sindicatos e suspende demissões em massa de servidores nos EUA