O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, representou a bancada de trabalhadores do Brasil em discurso nesta quinta-feira (12) na 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho. Torres falou em nome de todas as centrais sindicais, que decidiram incluir no discurso o repúdio a uma declaração do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, que disse nesta terça-feira (11) que é preciso “dar um basta” ao governo Lula.
“Ontem uma liderança empresarial, em uma entrevista a um jornal, pediu o fim do governo Lula. Nós trabalhadores queremos é o fim do trabalho escravo e o fim dos golpismos em nosso país”, disse Torres no pronunciamento.
Na segunda (10), em reunião da delegação brasileira na Conferência da OIT, Gedeão Pereira, vice-presidente da mesma entidade, também causou indignação entre os representantes dos trabalhadores e do governo ao afirmar que é impossível haver trabalho escravo em uma região rica como o Rio Grande do Sul e que o Bolsa Família atrapalha a mão de obra.
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Confira a íntegra do pronunciamento das centrais sindicais brasileiras na OIT:
“Para nós, trabalhadores e trabalhadoras, só a luta faz a lei e garante a democracia!
Senhor presidente Alexei Buzu, em nome dos trabalhadores e trabalhadoras do brasil, nós, das centrais sindicais Força Sindical, CUT, UGT, Nova Central, CSB e CTB, saudamos e parabenizamos o senhor Gilbert Houngbo, diretor-geral da OIT, por sua liderança, pelo importante relatório sobre o novo contrato social e pela iniciativa do debate sobre a coalizão global pela justiça social.
Saudamos e cumprimentamos os delegados, delegadas, convidados e autoridades. Uma saudação especial ao sr. ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e à bancada dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e do mundo.
Senhor diretor-geral, consideramos o relatório sobre o novo contrato social e a iniciativa sobre a coalizão global pela justiça social muito oportunos, consistentes e coerentes, em conformidade com os objetivos fundacionais da OIT.
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, o desemprego, a miséria, a pobreza e a desigualdade social continuam e desempenham um papel extremamente prejudicial à democracia, ao desenvolvimento sustentável e à paz, principalmente nos países mais pobres e em desenvolvimento.
Neste sentido, nós, os trabalhadores e trabalhadoras, continuamos na luta pela manutenção e ampliação dos direitos e conquistas, pelo diálogo social, pelo trabalho decente, pelo fortalecimento da democracia e pela justiça social.
Temos profunda preocupação com as tensões geopolíticas e os conflitos armados em vários países do mundo, porque representam uma grave ameaça à paz mundial, cujas vítimas sempre são os trabalhadores e a população civil inocente.
A ONU e a comunidade internacional precisam fazer todos os esforços necessários para a solução diplomática dos conflitos, antes que guerras por procuração se transformem em confrontos diretos de consequências imprevisíveis entre as nações.
Senhores e senhoras, as mudanças climáticas também são um assunto igualmente importante e preocupante para os trabalhadores e a população. O aquecimento global já afeta gravemente o Brasil e a maioria dos países.
As diversas tragédias com desastres naturais nos últimos anos, em vários países, não deixam dúvidas que as mudanças climáticas têm ocorrido de forma cada vez mais intensas em razão da ação humana.
No Brasil, o estado do Rio Grande do Sul vive a pior tragédia climática da sua história.
O movimento sindical, a classe trabalhadora e o povo brasileiro têm implementado ações de solidariedade efetiva ao povo gaúcho neste momento difícil, de grande comoção nacional.
Aproveitamos esta plenária da OIT, no Palácio das Nações Unidas, para reforçar todo nosso apoio e solidariedade à população do Rio Grande do Sul e a todas as pessoas atingidas por desastres e tragédias climáticas no mundo.
Entendemos que é o momento oportuno para assumirmos os devidos níveis de responsabilidade, para evitarmos o pior. Precisamos garantir o futuro das novas gerações.
Vamos receber de braços abertos todos os delegados, delegadas e convidados da próxima COP 30 – 2025 no Brasil.
Senhor presidente, manifestamos nosso apoio às propostas de um novo contrato social e estamos à disposição para contribuir no debate e implementação da coalizão global pela justiça social.
Esperamos que propostas como estas fortaleçam de fato o diálogo social, o tripartismo, a negociação coletiva, a organização sindical e a democracia.
O Brasil avança num processo de mudanças positivas, ainda que devagar.
Posturas e ações negativas com ataques e perseguições contra os trabalhadores por parte de setores do conservadorismo e das elites têm impedido avanços mais significativos em nosso país.
Agradecemos o governo do presidente Lula por todos os esforços para melhorar as condições de vida dos trabalhadores, das trabalhadoras e da população brasileira.
Juntos reconquistamos a política de valorização do salário mínimo, que promove distribuição de renda, reduz a pobreza e gera inclusão social.
Conquistamos também, em lei sancionada pelo presidente Lula, a igualdade salarial entre mulheres e homens nos locais de trabalho na mesma função.
Vale destacar a atuação do ministro Luiz Marinho, promovendo o diálogo social e o fortalecimento das negociações coletivas.
Destacamos também atuação da justiça do trabalho, do ministério público do trabalho e a Conalis pelo trabalho e atuação contra as práticas antissindicais das empresas no Brasil.
Estamos enfim em uma grande jornada de lutas e conquistas no brasil pelo desenvolvimento sustentável com trabalho decente para todos.
Nós trabalhadores clamamos pela paz, a justiça social e solidariedade no mundo!
Viva a democracia, a paz, a classe trabalhadora e todos os povos do mundo!
Senhor presidente, ontem uma liderança empresarial, em uma entrevista a um jornal, pediu o fim do governo Lula. Nós trabalhadores queremos é o fim do trabalho escravo e o fim dos golpismos em nosso país.
A luta faz a lei e garante a democracia.
Muito obrigado!”
Acompanhe a cobertura da CSB na 112ª Conferência Internacional do Trabalho:
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