O 4º dia da Conferência Internacional do Trabalho da OIT foi marcado por um ato promovido pelas duas principais centrais sindicais argentinas, CGT e CTA, denunciando os ataques que os sindicatos e os trabalhadores da Argentina têm sofrido desde Javier Milei assumiu a presidência do país.
A CSB participou do ato representada pelo presidente de sua seccional gaúcha (CSB-RS) e da Fessergs, Sergio Arnoud, que também é secretário de Relações Internacionais da CSPB (Confederação dos Servidores Públicos do Brasil).
A delegação argentina de trabalhadores na conferência tem aproveitado a oportunidade para mostrar ao mundo a realidade das reformas promovidas por Milei. Por exemplo, um relatório do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina apontou que no primeiro trimestre desde ano 55,5 da população viviam na pobreza e que a extrema pobreza quase dobrou no país na comparação com o trimestre anterior.
A Argentina enfrenta uma crise econômica com forte recessão que contribuiu para a desaceleração da inflação, cujo último índice de abril a situou em 8,8% ao mês. O poder de compra se deteriorou enquanto os custos dos serviços essenciais aumentaram, em média, mais de 300% no último trimestre, devido à desregulamentação das tarifas e à política de redução de subsídios. Na cidade de Buenos Aires, a tarifa do metrô aumentou 450% de maio a junho, enquanto os serviços de água e eletricidade triplicaram no mesmo período.
Arnoud se solidarizou com os trabalhadores argentinos, que têm recebido o apoio dos sindicalistas brasileiros tendo em vista a situação semelhante enfrentada pelo Brasil durante os governos Temer e Bolsonaro, especialmente com as reformas trabalhista e da previdência, cujos efeitos ainda permanecem uma realidade.
Países árabes ocupados
Esta quinta-feira (6) teve ainda um debate sobre a situação dos trabalhadores nos países árabes ocupados. O Brasil foi representado pelo assessor técnico da Força Sindical, Ortélio Cuesta, que criticou duramente a ocupação ilegal em Gaza.
“Os trabalhadores brasileiros rechaçam contundentemente o genocídio, a violência, a persuasão e as ações humanas contra o povo palestino”, afirmou, e encerrou fazendo um chamado para que a OIT e a ONU lutem pela paz e justiça social na região.
Camboja e Nicarágua se defendem
Na Comissão de Normas, foi a vez de Camboja e Nicarágua terem seus casos analisados. Camboja respondeu por descumprir a Convenção 87, sobre liberdade sindical. Segundo a equipe técnica da OIT, o país tem inibido a atividade sindical com prisões, ameaças e até mortes de dirigentes sindicais.
A sessão iniciou com o caso de Camboja pelo descumprimento da Convenção 87, que fala sobre liberdade sindical. Marc Leemans, Representante dos Trabalhadores na Comissão de Norma, apresentou as denúncias feitas pela equipe técnica da OIT que acusa o país de um clima total antissindical com prisões, ameaças, pressões e mortes de dirigentes sindicais.
A sessão contou com um embate entre o posicionamento dos Estados Unidos, que não aplica as convenções da OIT alegando a independência dos estados do país, e a China.
Enquanto os americanos cobraram a aplicação da Convenção 87 no Camboja, a China saiu em defesa do país vizinho alegando que ele cumpre a legislação vigente, mas reiterou que o Camboja está à disposição para receber o aparato técnico da OIT.
A Nicarágua foi acusada de descumprir a mesma convenção e rechaçou o informe da Comissão, que considerou a publicação uma forma de pressão política a partir de argumentos descontextualizados e uma campanha internacional dos países centrais contra o governo de Daniel Ortega.
O representante dos trabalhadores de Nicarágua, José Antonio Zepeda López, criticou as anotações da OIT sobre a situação e disse que são conduzidas por parte do setor empresarial local que quer desestabilizar o país.
Ele argumentou que um país onde 99% da população tem acesso à energia elétrica, educação 100% gratuita e saúde universal respeita os direitos humanos, apesar de todas as agressões econômicas promovidos pelos países ocidentais.
O representante dos empresários da Nicarágua também criticou os informes da OIT alegando que não condiz com a realidade do país. O empresário lembra que o tripartismo está vigente na nação, garantindo, por exemplo, o reajuste dos salários mínimos e outros acordos que garantiram uma expectativa de crescimento superior a 4%.
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