3º dia de Conferência da OIT: apoio à Palestina e análise de denúncias

No 3º dia da Conferência Internacional do Trabalho, os membros da comitiva da CSB participaram de uma sessão em solidariedade aos trabalhadores da Palestina e da primeira discussão das denúncias de descumprimento das convenções da OIT.

A sessão dedicada à Palestina contou com a participação do direitor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, e da Ministra do Trabalho da Palestina, Enas Al-Atari, que agradeceu o apoio de todos ali presentes.

“Mais de 200 mil postos de trabalho foram perdidos desde o início da guerra em Gaza, o que representa cerca de 2/3 da força de trabalho da região”, destacou Houngbo.

Ele apresentou um plano de ação emergencial da OIT para apoiar s trabalhadores de Gaza e colocou a instituição à disposição para colaborar em outras ações de proteção aos trabalhadores palestinos.

Relacionada: 2º dia da Conferência da OIT: comitês iniciam debates e Lula confirma presença

Em nome dos trabalhadores brasileiros, o presidente da CSB, Antonio Neto, prestou sua solidariedade ao povo palestino e lembrou de sua relação histórica com os países árabes quando presidiu a Federação Sindical Mundial (FSM).

“Em toda a minha trajetória no mundo sindical, sempre busquei construir uma profunda relação com os países árabes, sobretudo aqueles que sempre estiveram sob mira dos países centrais por suas posições independentes e de resistência”.

Enas Al-Atari e Antonio Neto

Descumprimento de convenções

Na comissão de normas, foi realizada a primeira audiência sobre os casos incluídos na lista de curta de descumprimento das convenções da OIT. A discussão em destaque foi sobre a Bielorrússia, denunciada por descumprir as convenções 87 (liberdade sindical) e 98 (direito à negociação coletiva e direito à sindicalização).

O representante do governo da Bielorrússia defendeu o país argumentando que sofre ataques do que ele definiu como “lobby ocidental” por não se alinhar ao ocidente. Ele alega que a entidade sindical colocada em ilegalidade pelo governo atentava contra a estabilidade do país e apontou que foi feito um esforço após recomendações da OIT em inclui-la nas mesas de negociação e diálogo tripartite. Segundo o representante, a organização sindical que apresentou a denúncia tem baixa representatividade e buscou dificultar o diálogo social entre as partes.

O representante alega que não há desrespeito as convenções da OIT, uma vez que as decisões foram referendadas pela Suprema Corte do país. Também argumentou que as punições e prisões de dirigentes sindicais não se dão por causa da atividade sindical e atuação pelos interesses dos trabalhadores, mas por causa dos atos políticos ou partidários praticados contra o país.

O representante dos trabalhadores da Bielorrússia na comissão acusou o governo de reprimir e inibir a organização sindical com base nos princípios da Convenção 87, conhecida por promover o pluralismo sindical durante a Guerra Fria em contraponto aos países alinhados ao governo soviético. Marc Leemans, representante da bancada dos trabalhadores na comissão, acusou o país de negar e rechaçar as recomendações da OIT.

No entanto, outros representantes dos trabalhadores e empresários do país rechaçaram o argumento utilizado pelos denunciantes e acusaram de uma tentativa de interferência por parte de países ocidentais que desconhecem a Bielorrússia e suas leis.

Os representantes da União Europeia, Cuba, Holanda, Reino Unido, Suécia e Estados Unidos defenderam a punições contra a Bielorrússia, posicionamento que foi seguido pelo representante dos trabalhadores brasileiros, Antônio Lisboa (CUT), que comparou a situação com a prisão de Lula durante a ditadura militar.

As representações da Nicarágua e da Venezuela defenderam o governo bielorrusso, enquanto a China defendeu a legitimidade dos representantes dos trabalhadores da Bielorrússia, mas criticou o uso de mecanismos internacionais como a OIT para atacar a autonomia e autodeterminação do povo bielorrusso.

As recomendações e decisão do pleno da comissão será no dia 13 de junho.

Na parte da tarde, a comissão discutiu os casos de Uganda (Convenção 138 – idade mínima para ingresso no mercado de trabalho) e Paraguai (Convenção 81 – inspeção do trabalho).

Antonio Neto e Gilbert Houngbo

Acompanhe a cobertura da CSB na 112ª Conferência Internacional do Trabalho:

2º dia da Conferência da OIT: comitês iniciam debates e Lula confirma presença

Direito ao trabalho digno é destaque na abertura da 112ª Conferência da OIT

CSB participa da 112ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT; veja agenda

Compartilhe:

Leia mais
Reforma trabalhista é precarizante
Sete anos depois, reforma trabalhista é reconhecida como precarizante
atualizacao-de-dados-sindicatos-cnes-ministerio-do-trabalho
Entidades sindicais devem atualizar cadastro até 31 de dezembro, define Portaria do MTE
Sindimais 2024
Presidente da CSB confirma participação no SindiMais, maior evento sindical do país
carteira de trabalho e notas de real
Renda dos trabalhadores aumentou devido às negociações coletivas, aponta Banco Central
compromisso sindpd sindiesp
Sindpd e Sindiesp firmam compromisso para fortalecer representatividade no setor de TI
Stress no trabalho
Precarização afetou saúde mental dos trabalhadores brasileiros, diz pesquisador
tst assédio eleitoral
Justiça do Trabalho cria robô que monitora petições e envia alerta sobre assédio eleitoral
centrais sindicais sindicatos apoiam Boulos
Centrais sindicais declaram apoio à Guilherme Boulos para a Prefeitura de São Paulo
eleições 2024 assédio eleitoral
MPT: assédio eleitoral em 2024 já é quatro vezes maior que o registrado em 2022; denuncie
Plano Igualdade Salarial e Laboral mulheres e homens
Elaborado em parceria com centrais, governo lança Plano de Igualdade Salarial e Laboral