Com o pretexto de não diminuírem os investimentos no país, as empresas de telecomunicações podem deixar de pagar R$ 7 bilhões em tributos assim que o governo concluir o pacote de isenção destinado a elas. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação (Sindpd) e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, esse montante não será utilizado em investimentos no país, será enviado para as matrizes das companhias que estão em crise.
“Está claro que as companhias de telefonia não estão empenhadas em fazer os investimentos necessários. As empresas não se prepararam para expandirem seus mercados e o crescimento de serviços e usuários não acompanhou a estrutura. Atualmente há uma antena para mais de quatro mil chips. As teles são as campeãs de reclamações no Procon do primeiro semestre deste ano, foram 78.604 nesse período. O número é maior que o registrado contra operadoras de cartão de crédito, bancos e telefonia fixa. Mesmo assim, a remessa de lucro enviada por elas, em 2011, para suas matrizes chegou a R$ 4 bilhões. A receita do setor cresceu 22% e atingiu R$ 182 bilhões de 2008 para cá”, afirma Neto.
Segundo ele, esse montante indica que investimentos já deveriam ter sido feitos. “As teles já mostraram o que farão com o dinheiro que economizarão com a isenção que o governo dará a elas. Os planos para investirem em infraestrutura só foram apresentados este ano após a proibição da venda de novos chips, embora a receita da área apresentasse crescimento constante. Ainda assim, os projetos estão aquém do que é preciso para sanar os problemas do segmento e implantar novas tecnologias necessárias como a 4G”.
O dirigente sindical também reitera que o setor de TI é prejudicado com o descaso das teles. “A expansão do mercado brasileiro de TI está ligada diretamente com o setor de telecomunicações. A falta de infraestrutura nessa área dificulta o nosso crescimento. Por isso, defendemos a importância da Telebrás para universalizar a banda larga e popularizar as novas tecnologias. Essas políticas são importantíssimas para democratizarmos a internet e investirmos em inovação”.
Os R$ 7 bilhões que deixarão de ser arrecadados pelos cofres públicos representam mais que o dobro do que é direcionado para o Programa Minha Casa, Minha Vida (R$ 2,8 bilhões) e quase metade do anunciado para investimentos nos aeroportos do país (R$ 16 bilhões).
Fonte: Monitor Mercantil