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Devido à pandemia, setor público responde por 20% das contratações nos últimos 12 meses 

Devido à pandemia, setor público responde por 20% das contratações nos últimos 12 meses 

Os últimos dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 20,2% das contratações feitas nos últimos 12 meses, até outubro, foram feitas pelo setor público. No total, foram registradas 5,704 milhões de admissões, sendo 1,154 milhão no setor público. 

Com isso, estima-se que o país tenha 12,3 milhões de trabalhadores no poder público. O Brasil possui 42,8 milhões de pessoas formalmente empregadas, de acordo com os dados do extinto Ministério do Trabalho e Previdência. Enquanto o avanço de contratações no mercado de trabalho geral foi de em média 1%, no setor público a alta foi de 2,3%. 

Nos microdados, é possível constatar que isso aconteceu principalmente por causa das prefeituras, que precisaram contratar mais profissionais de saúde, educação, assistência social e tecnologia. Elas responderam por mais de 70% do aumento de vagas. 

Além de haver a necessidade de repor os quadros após a pandemia, a demanda por serviços públicos aumentou com o empobrecimento da população, havendo uma migração de parte que antes utilizava serviços privados. 

Apesar de o trabalho no setor público ser muito associado a concursados ou estatuários, pois realmente são a maioria, os trabalhadores sem carteira assinada são 67,9% dos contratados pela administração pública. Esse grupo saltou de 2,3 milhões em outubro de 2021, para 3,1 milhões no mesmo mês de 2022. 

Diante das restrições fiscais, as prefeituras têm recorrido a contratação de temporários sem aumentar os gastos futuros com compromissos de previdência. 

“Isso mostra uma dificuldade da administração pública de repor seus quadros efetivos, sejam servidores estatutários, sejam empregados públicos. Esses dados indicam que essa é a nova estratégia: o governo não tem condições, não vê perspectiva fiscal de repor a força de trabalho de forma definitiva e usa esses servidores temporários como um atalho”, afirma o professor de ciências políticas e de finanças públicas da pós-graduação do Ibmec Danilo Morais. 

Informações: Valor Econômico

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