Sem reajuste em 2024, servidores federais planejam greves e mobilizações

Diversas categorias do serviço público federal estão paralisadas ou em mobilização devido ao impasse sobre o reajuste salarial de 2024. Após anos de congelamento e com perdas inflacionárias acumuladas desde 2010, o governo concedeu reajuste linear de 9% aos servidores federais no ano passado com o compromisso de que em 2024 seria possível reservar mais espaço no orçamento.

Quando o orçamento para este ano foi apresentado, não havia previsão de qualquer reajuste salarial, apenas aumento no vale-alimentação, auxílio-creche e saúde, que foi rechaçado pelos trabalhadores principalmente porque a proposta exclui os aposentados.

Relacionada: Centrais e outras entidades apresentam proposta unificada de reajuste para servidores federais

Apenas algumas categorias conseguiram fechar acordos com outras melhorias com o governo, como os servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Receita Federal, que realizou uma greve que durou mais de três meses.

Os acordos celebrados com alguns, no entanto, irritou as demais categorias.

Categorias em greve ou mobilizadas

Nesta quarta-feira (3), servidores dos institutos federais paralisaram as atividades em cerca de 320 das 648 unidades. A ordem agora é que sejam mantidas apenas atividades essenciais, como pagamento de bolsas a estudantes carentes, e suspender atendimentos administrativos e programas sociais.

Para 11 de abril está marcada a paralisação dos técnicos das universidades e, em 15 de abril, começa o indicativo de greve dos professores do ensino superior da rede federal.

Outras 12 categorias estão em mobilização ou em operação-padrão, incluindo servidores do Banco Central, da Abin, Ibama, ICMBio, Tesouro Nacional, auditores-fiscais do Trabalho e agropecuários.

Além disso, os servidores devem realizar uma marcha nacional em Brasília em 17 de abril.

Crédito extra

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) afirma que o arcabouço fiscal criado pelo governo não permite a concessão de reajuste este ano, a não ser que haja a liberação de crédito extra no final de maio. Há a expectativa de que mais R$ 15 bilhões sejam liberados caso a arrecadação seja maior do que o projetado no ano passado.

Se liberada, porém, a verba será disputada por diversas forças: o Congresso Nacional quer a recomposição de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares que foram vetadas por Lula, enquanto o governo quer reverter o bloqueio de R$ 2,9 bilhões sobre despesas de custeio e investimentos.

“O governo precisa colocar dinheiro para a reestruturação das carreiras de educação e docentes. Queremos disputar o dinheiro que está na mão do governo neste momento e o dinheiro que estará na LOA [Lei Orçamentária Anual] de 2025”, afirmou David Lobão, coordenador-geral do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).

Segundo apuração da Folha, o movimento grevista na Educação preocupa o governo, que teme que as demais categorias sejam inflamadas e também paralisem as atividades.

Reajuste nos auxílios

Apesar de terem recusado a proposta que previa aumento apenas nos auxílios, as entidades representativas dos servidores cobram que ele seja pago já que o dinheiro para isso já está reservado no Orçamento.

O governo tem R$ 1,5 bilhão reservado no Orçamento para conceder reajuste aos servidores e propôs usar a verba para aumentar o auxílio-alimentação de R$ 658 para R$ 1 mil a partir de maio.

O valor, no entanto, ainda não se equipara aos R$ 1.393 pagos para os servidores do Legislativo e do Judiciário, sendo a equiparação dos benefícios uma das grandes demandas dos funcionários do Executivo.

O Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado) enviou um ofício ao MGI na segunda-feira (1º) pedindo que o ministério tome as providências necessárias para implementação imediata do reajuste dos benefícios. O Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) também enviou documento semelhante.

Já o reajuste depende da liberação do crédito extra.

O que diz o governo

O MGI diz já ter assinado dez acordos específicos e que há oito negociações em andamento, inclusive com servidores de Ibama e ICMBio e da Educação, que estão mobilizados.

“Especificamente para a carreira educacional, os Ministérios da Gestão e da Educação criaram um grupo de trabalho para tratar da reestruturação. O relatório final, entregue no dia 27 de março à ministra Esther Dweck, servirá como insumo para a proposta do governo de reestruturação da carreira, que será apresentada aos servidores na mesa específica de negociação”, diz a pasta.

Com informações de: Folha de S.Paulo

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Compartilhe:

Leia mais
almirante othon recebe honraria da academia brasileira de ciencia
Mais importante cientista nuclear brasileiro, almirante Othon recebe honraria da ABC
Reunião ministério do trabalho benzeno
Sindicatos pedem debate amplo sobre revisão de NR que protege trabalhador exposto ao benzeno
fim da escala 6x1 tem apoio de 70% da população
Fim da escala 6x1 tem apoio de 70% da população, aponta pesquisa
justiça do trabalho sp aplica multa ao ifood e manda contratar entregadores
Justiça do Trabalho em SP multa iFood em R$ 10 milhões e manda app contratar entregadores
acampamento marielle franco pontal do paranapanema sp
Incra cadastra famílias em acampamento do MAST no Pontal do Paranapanema (SP)
ministro rui costa e ministra simone tebet
Mercado financeiro joga contra o país e ignora indicadores positivos, afirmam ministros
emprego e beneficios sociais reduzem pobreza no brasil
Emprego em alta e benefícios sociais reduzem pobreza no Brasil a menor patamar da história
trabalho intermitente salário minimo 2023
3 em cada 4 trabalhos intermitentes pagaram menos que um salário mínimo em 2023
glovo ifood espanhol contratará entregadores
"iFood" espanhol passa a contratar entregadores após multas milionárias e CEO investigado
piso regional rs reajuste 2024
Piso regional do Rio Grande do Sul terá reajuste de 5,25%; confira valores por faixa salarial