Salário real no Brasil caiu quase 20% desde 2020, aponta OIT 

Um relatório elaborado pela Organização Internacional do Trabalho, divulgado nesta quarta-feira (30), apontou que o salário real no Brasil caiu 18,8% de 2020 até o primeiro semestre deste ano, na comparação com 2019. 

O estudo levou em consideração dados dos cerca de 1,7 bilhão de assalariados no mundo e descontou a inflação de cada país para chegar à renda real de seus trabalhadores. Globalmente, os pagamentos tiveram variação negativa pela primeira vez neste século e caíram 0,9% no primeiro semestre de 2022. 

Já o Brasil teve queda bem maior no mesmo período, de 6,9%, e foi usado como exemplo pela OIT para demonstrar como inflação alta combinada com a desaceleração da economia corroem a renda da população, afetando seu padrão de vida e elevando o endividamento das famílias. 

> Brasil tem 68,4 milhões de endividados; maioria é com supermercado

Em 2020 e 2021, a contração da massa salarial foi de 4,9% e 7%, respectivamente. Essa redução real ocorreu pela última vez em 2015 (-1,3%) e 2016 (-2%). 

“Em 2022, a inflação é o fator negativo dominante na maioria países. Em nenhum outro lugar isso é mais visível do que no Brasil, onde a contribuição da inflação para a redução do total da conta salarial real no primeiro trimestre de 2022 relativo ao primeiro trimestre de 2019 foi tão alto como 18,2%”, diz o relatório. 

Ao Valor Econômico, a economista Rosalia Vazquez-Alvarez, uma das autoras do levantamento, disse que os salários em 2023 podem “continuar a diminuir em termos reais em países como o Brasil, bem como no resto da América Latina”.  

“Deve haver algum espaço para que os salários aumentem, e pedimos que o diálogo social e a negociação coletiva sejam os instrumentos através dos quais talvez sejam ajustados”, disse ela. 

> Sindicatos fortes, Brasil mais justo – por Antonio Neto

De acordo com o estudo, o aumento da inflação atinge de “maneira particularmente severa” as famílias de baixa renda. A estimativa é de que no Brasil os grupos de renda mais baixa perderam quase 23% do salário em relação a 2019, enquanto os grupos mais bem pagos perderam de 3% a 8%. 

“A desigualdade de renda e a pobreza aumentarão se o poder se compra dos salários mais baixo não for mantido. A retomada pós-pandemia, tão necessária, poderia estar em risco. Isso pode alimentar novas turbulências sociais pelo mundo e comprometer o objetivo de se atingir prosperidade e paz para todos”, alertou o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. 

Diante do cenário, a OIT propôs medidas para as famílias poderem manter o nível de vida, como ajuste das taxas de salário mínimo ou redução de imposto indireto sobre certos produtos para abater o impacto da inflação. 

> Em reunião da transição, centrais propõem salário mínimo de R$ 1.342 

Informações: Valor Econômico 

Compartilhe:

Leia mais
fachada stf - vínculo de emprego terceirização
Terceirização não impede reconhecimento da relação de emprego com tomador, decide STF
csb escala 6x1
Nota da CSB: apoio ao fim da escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho
Pauta centrais sindicais g20 brasil 2024
Trabalho justo e sustentável é pauta das centrais sindicais para Cúpula do G20 Social no RJ
fachada STJ Marcello Casal JR Agencia Brasil
STJ estabelece parâmetros para vínculo empregatício em caso de terceirização ilegal
Lula precisa dar mais segurança aos trabalhadores
PEC apresentada no Congresso propõe redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1
centrais sindicais no g20 social rio de janeiro
G20 Social: centrais lançam documento com propostas para redução das desigualdades
Antonio Neto fala sobre Sindplay no Sindimais 2024
Sindplay é destaque no Sindimais 2024: 'na crise emergem as grandes ideias'
Chapa 1 fenapef
Chapa 1 vence eleição para diretoria da Fenapef com 62% dos votos válidos
STF pauta ações trabalhistas
Servidores públicos podem ser contratados via CLT e outros regimes, valida STF; entenda
reunião juizes de paz bahia csb
CSB-BA apoia regulamentação da profissão de juiz de paz em reunião com governo do estado