A Petrobras tem encontrado dificuldades para preencher vagas especializadas em suas operações terceirizadas. Diante disso, a estatal tem adotado algumas estratégias para preencher seus quadros, como parcerias para capacitação profissional e a atração de trabalhadores já qualificados que migraram para ocupações informais, como motoristas de aplicativo.
O cenário foi detalhado pela presidente da companhia, Magda Chambriard, durante apresentação do plano de investimentos de R$ 33 bilhões no refino e na indústria petroquímica no Rio de Janeiro, realizada nesta quinta-feira (3).
Chambriard destacou a falta de profissionais em áreas técnicas essenciais para as operações da empresa. “Já estamos nessa fase de pleno emprego, já estão faltando eletricistas, caldeireiros e soldados, todo esse arsenal de pessoal que nós utilizamos e mobilizamos para as nossas operações”, afirmou.
O pacote de investimentos prevê a criação de 38 mil empregos diretos e indiretos, além de mais de 100 mil vagas temporárias em atividades de manutenção. Apesar de os investimentos estarem concentrados no Rio de Janeiro, a presidente ressaltou que a dificuldade na contratação se estende a outros estados.
O termo “pleno emprego”, utilizado por Chambriard, refere-se à situação em que a maioria das pessoas aptas e disponíveis para trabalhar encontra ocupação. A fala é respaldada pelo dado mais recente do IBGE, que apontou taxa de desemprego de 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, apenas 0,1 ponto percentual do mais baixo índice da série histórica do IBGE, que foi 6,1% em novembro de 2024.
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Estratégias para atrair profissionais
Renata Baruzzi, diretora-executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, classificou o desafio como “dificuldade boa, porque mostra que a gente está em pleno emprego no Brasil”. Entre as medidas para suprir a demanda, a empresa pretende recuperar profissionais qualificados que deixaram o setor em períodos anteriores.
“Muita gente foi para o Uber. Então, vamos ver se a gente consegue trazer o pessoal de volta do Uber para a obra”, disse. “Muito soldador, muito pessoal bem qualificado, alguns já estão retornando, isso é a informação que as indústrias, que as empresas já estão nos trazendo”, acrescentou Baruzzi.
A Petrobras também destacou que as contratações por empresas terceirizadas incluem benefícios como plano de saúde, mostrando as vantagens do emprego formal.
Outro eixo da estratégia é o Programa Autonomia e Renda, que qualifica beneficiários do Bolsa Família para atuação em obras e manutenções. A iniciativa conta com parcerias como a da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
“A nossa ideia é que retire esse pessoal do Bolsa Família para que possa trabalhar não só nas nossas obras, como nas paradas de manutenção que têm nas refinarias”, explicou a diretora.
Salários competitivos
William França, diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, enfatizou que os investimentos anunciados são “geração intensiva de mão de obra”. Nas manutenções programadas, os salários variam de R$ 6 mil a mais de R$ 30 mil, dependendo da especialização.
“Para um bom inspetor de solda, a faixa de salário e benefícios é em torno de R$ 10 mil. Um bom planejador, que sabe mexer com software, pode chegar a mais de R$ 25 mil”, detalhou. “É gente especializada, é mecânico, soldador, inspetor, planejador, para controle de máquinas, de guindastes, de elevação de cargas. É gente muito boa, qualificada, que a gente está precisando, porque nós estamos investindo”.
Com informações de Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil