A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre anterior, o índice era de 6,8%. Em comparação com o mesmo período de 2024 (7,1%), houve queda de quase 1 ponto percentual.
O número absoluto de pessoas desocupadas chegou a 6,8 milhões, uma redução de 8,6% em relação aos três meses anteriores (7,5 milhões) e de 12,3% frente ao mesmo período do ano passado (7,8 milhões).
Para o analista da pesquisa do IBGE, William Kratochwill, o patamar atual representa o melhor momento do mercado de trabalho em uma década.
“Esse número de 6,8 milhões de pessoas desocupadas é algo próximo ao que tínhamos no final de 2014, início de 2015. Então [desde então], o mercado não esteve tão bem como está agora”, disse o analista.
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um novo recorde, com 39,8 milhões de pessoas, alta de 0,5% ante o trimestre anterior e de 3,7% em relação ao mesmo período de 2024.
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De acordo com Kratochwill, o recuo no desemprego foi impulsionado pelo aumento da ocupação e pela redução nas taxas de subutilização da força de trabalho.
“Assim, semelhante às divulgações anteriores, o mercado de trabalho se mostra aquecido, levando à redução da mão de obra mais qualificada disponível e ao aumento de vagas formais”, afirmou.
O número total de pessoas ocupadas chegou a 103,9 milhões, crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior e de 2,5% na comparação anual. O nível de ocupação ficou em 58,5%, uma alta de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.
Outro dado relevante é a queda no número de desalentados, aqueles que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego. No trimestre, o contingente foi de 2,89 milhões, o menor desde 2016, com redução de 10,6% em relação ao trimestre anterior e de 13,1% na comparação anual.
“Essa queda pode ser explicada pela melhoria consistente das condições do mercado de trabalho. O aumento da ocupação gera mais oportunidades, percebidas pelas pessoas que estavam desmotivadas”, explicou Kratochwill.
A taxa composta de subutilização da força de trabalho ficou em 14,9%, uma queda de 0,8 ponto percentual no trimestre e de 1,9 ponto percentual em relação ao ano anterior.
Principais números da pesquisa:
- Taxa de desocupação: 6,2%
- População desocupada: 6,8 milhões
- População ocupada: 103,9 milhões
- População fora da força de trabalho: 66,7 milhões
- População desalentada: 2,89 milhões
- Empregados com carteira assinada: 39,8 milhões
- Empregados sem carteira assinada: 13,7 milhões
- Trabalhadores por conta própria: 26,2 milhões
- Trabalhadores informais: 39,3 milhões
Queda na informalidade
A taxa de informalidade caiu para 37,8%, equivalente a 39,3 milhões de trabalhadores. O índice recuou em relação ao trimestre anterior (38,1%) e ao mesmo período de 2024 (38,6%). Segundo o IBGE, o movimento é resultado da estabilidade no número de empregados sem carteira (13,7 milhões) e do aumento de trabalhadores por conta própria com CNPJ (alta de 3,7%).
Apenas um dos dez grupamentos de atividade analisados apresentou crescimento na ocupação no trimestre: o setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais.
“Esse grupamento possui uma característica peculiar neste trimestre, pois é quando ocorre o início do ano letivo. Consequentemente, é preciso uma estrutura de suporte, com a contratação de professores, ajudantes, cuidadores, cozinheiros e recepcionistas”, apontou Kratochwill.
Massa de rendimento e de contribuintes batem recorde
O rendimento médio mensal real habitual dos trabalhadores foi de R$ 3.457, estável em relação ao trimestre anterior e 3,1% maior na comparação anual. Já a massa de rendimento real habitual, soma das remunerações de todos os ocupados, chegou a R$ 354,6 bilhões, um recorde da série histórica. O avanço foi de 1,8% no trimestre e de 5,8% no ano.
“Como o rendimento médio real permaneceu estável, consequentemente ocorreu aumento da massa de rendimentos, ou seja, a maior massa de rendimentos resultou quase exclusivamente da expansão do volume de ocupados, e não de aumento do rendimento médio”, pontuou o analista.
O número de contribuintes para a previdência também foi o maior já registrado, chegando a 68,3 milhões de pessoas ocupadas com 14 anos ou mais.
“Isso também reflete no total de contribuintes para o instituto de previdência, uma vez que aumenta o número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada e os trabalhadores por conta própria com cadastro no CNPJ, o que contribui para o aumento de trabalhadores e contribuintes para o instituto de previdência”, concluiu Kratochwill.
Com informações de g1
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