Para professor da Universidade de Mato Grosso, setor do agronegócio deve contribuir para uma melhor justiça social

Segundo Edison Antônio de Souza, o governo do estado deixou de arrecadar 5 bilhões do setor em 2016

O agronegócio foi tema de palestra neste terceiro dia de Congresso Estadual da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) Mato Grosso, que acontece em Cuiabá. Em sua apresentação, o docente e pesquisador da Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Edison Antônio de Souza levou aos dirigentes informações e dados sobre o setor, além da importância do conhecimento em busca de uma maior justiça social.

Para Souza, as empresas do setor do agronegócio têm sua importância, mas poderiam contribuir mais por justiça social, com a taxação do setor. Em 2016, aproximadamente R$ 5 bilhões deixaram de ir para os cofres do governo.

“Se o agronegócio pagasse os impostos, a receita do estado seria altíssima e esse dinheiro entraria como um grande investimento, que poderia ir para educação, saúde e outras áreas. Existe uma crise na saúde de Mato Grasso, porém o setor do agronegócio deixa claro que não vai dividir o dinheiro”, falou o docente, que acredita que são necessários mobilização e conhecimento para combater esta realidade.

“Precisamos aprofundar o nosso conhecimento para que a gente possa desnaturalizar este tema. O setor é muito bem organizado e representado, por isso precisamos ter noção das nossas forças. Temos que ter uma direção, e posso dize que a caminhada será longa. Precisamos fazer debates, pressionar, fazer abaixo-assinados, levar a público algumas contradições e, acima de tudo, precisamos ter conhecimento do momento político que vive o Brasil. É um trabalho árduo que necessita de organização e direção. Não podemos ficar sozinhos, temos que estar em rede, nos reunirmos, fazer seminários e outros debates”, falou Souza.

Outro caminho possível no combate dessa isenção de taxas e consequentemente uma maior justiça social virá das mobilizações políticas. “Nos meus estudos eu sempre destaco a visão política, como esse setor se organiza politicamente para que seus interesses possam estar representados dentro do aparelho do Estado, e temos destacados que é através das entidades como a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). É dessas entidades que eles elegem seus representantes, que vão fazer parte dos quadros do estado, como deputados, vice-governador entre outros”, explicou o pesquisador, que garantiu que através disso podemos compreender como as políticas públicas do estado vão ser direcionadas, como na isenção para o agronegócio.

“Isso nos faz entender também como a organização de um setor produtivo primário se dá, tanto na sociedade civil através de suas entidades representativas e patronais como na participação através do processo eleitoral. Essa é a questão chave para compreender o processo de dominação”, completou.

Ainda segundo Souza, para dificultar a luta, o setor tem a grande mídia ao seu lado. “A mídia está a serviço deste setor, temos programas específico e jornais com cadernos especiais. Um dos maiores empresários de Mato Grosso tem o controle do sinal do SBT no estado. Existe uma aliança entre setores do agronegócio com setores da mídia, pois donos de veículos também são fazendeiros”, disse.

Souza aproveitou a oportunidade para refletir o papel do agronegócio no meio ambiente, sustentabilidade, sua hegemonia e conflitos de terra, além de dar uma visão geral da história do agronegócio do Brasil e no estado de Mato Grosso.

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