Centrais sindicais fazem parte da coordenação da investigação, que tem como objetivo apurar as perseguições contras trabalhadores e sindicalistas
No dia primeiro de abril será instaurada a Comissão da Verdade dos Trabalhadores do Pará. A iniciativa de investigar os abusos praticados no período da ditadura pelos militares contra os trabalhadores foi da CSB e das demais centrais sindicais. O lançamento da comissão paraense marca os 50 anos do Golpe Militar no Brasil. O representante da Central no grupo de trabalho será Raimundo Alcidete de Lima, secretário da CSB e presidente do Sindicato dos Empregados na Empresas de Navegação do Estado do Pará.
Segundo Alcidete, a iniciativa servirá para que nunca sejam esquecidas as arbitrariedades e injustiças sofridas pelos trabalhadores. A Comissão é um instrumento fundamental para a memória da resistência e insubmissão do mundo do trabalho paraense. “Nós decidimos focar na questão do trabalhador, pois muitos sindicatos foram fechados e os trabalhadores perseguidos. Muitos pais de famílias foram mortos. Precisamos resgatar essa memória e buscar justiça para as famílias das vítimas”, afirma o sindicalista.
A implementação da Comissão da Verdade será no plenário da OAB/PA , às 9h30, sob a coordenação das centrais sindicais. O movimento sindical convidou quatro sobreviventes da opressão e da tortura dos militares para participarem do debate.
Objetivos
A Comissão da Verdade tem como finalidade examinar e esclarecer as graves violações aos direitos humanos e as ações de resistência que ocorreram contra os trabalhadores do Pará no período de 1964-1985. Os seus objetivos concentram-se nos seguintes eixos de trabalho: violências da ditadura praticadas contra os trabalhadores e sindicalistas, tais como perseguições, assassinatos e desaparecimentos. Além disso, será feito um levantamento de todo o acervo documental sobre a ditadura e a criação de um memorial permanente, aberto à visitação pública. “As sequelas da ditadura não são apenas materiais, também estão presentes em uma cultura autoritária que permanece. Vemos muitos jovens recriando o partido Arena e também fazendo movimento em prol da ditadura, mas desconhecem os anos de terror e sombra que o Brasil viveu. Resgatar essa história e torná-la de conhecimento público é um dever da CSB e do movimento sindical”, disse Alcidete.