ONU aponta déficit mundial em água potável, saneamento e eletricidade

Ainda existem 327 milhões de pessoas no mundo sem acesso a água potável e saneamento básico

Em 2015, vencerá o prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), mas bilhões de pessoas seguem sem acesso à água potável, ao saneamento básico e à eletricidade em suas residências. E os especialistas têm sérias dúvidas de que tais metas poderão ser alcançadas, a menos que haja um aumento acentuado nos esforços, em especial na Ásia Meridional e na África Subsaariana. Em uma reunião de de dois dias, em 19-20 de fevereiro, os 193 membros da Assembléia Geral das Nações Unidas debateram a dimensão de tais pendências, de modo a elaborar a próxima agenda mundial de desenvolvimento que substituirá os ODM.

Um informe apresentado na reunião revela que, em 2012, a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem água potável havia sido alcançada, beneficiando dois bilhões de pessoas. Porém, ainda existem 327 milhões de subsaarianos a mais que em 1990 sem tal serviço, como enfatizou o diretor de programas internacionais da organização britânica WaterAid, Girish Menon. Mantendo esse ritmo, calcula o especialista, a referida meta só seria alcançada em 2030 (IPS, 20/02/2014).

Outros dados impressionantes foram revelados pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, John Ashe, ao descrever a dimensão do problema: 738 milhões de pessoas vivem sem água potável; 2,5 bilhões não têm saneamento adequado, sendo que cerca de 700 mil crianças morrem por ano por diarréia causada por água contaminada e falta de saneamento; e 1,4 bilhão carecem de eletricidade. Ashe acrescentou ainda que cerca de 80% da população mundial vive em áreas com graves ameaças à segurança hídrica.

Por sua vez, Menon afirmou que tais carências devem ser alvo de atenção dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a agenda que substituirá os ODM em 2015. “Se os ODS tiverem êxito em erradicar a pobreza sobre uma base sustentável, devem aprender com os fracassos dos ODM e reverter a negligência em matéria de saneamento e higiene”.

Clarissa Brocklehurst, ex-chefe de assuntos de água, saneamento e higiene do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), afirmou que, “embora os ODM sejam maravilhosos para impulsionar ações, ainda há vários desafios quando se aproxima o prazo de 2015″. Além disso, ela pontuou que “não houve progresso suficiente em saneamento e estamos atrasados para alcançar a meta dos ODM”, lamentando que o saneamento não faça parte dos ODM.

De fato, os moradores de áreas urbanas têm mais probabilidades de contar com água e saneamento do que aqueles que residem em áreas rurais, bem como os ricos têm maiores chances de ter acesso a tais serviços do que os pobres.

Segundo Menon, “no ritmo atual, não conseguiremos a meta mundial de saneamento de 8%, isto representa 500 milhões de pessoas”. Na África Subsaariana, por exemplo, apenas 30% dos africanos subsaarianos contam com serviços de saneamento, uma proporção que aumentou apenas 4% desde 1990.

Diante do enorme desafio, Menon propõe que “seja fixada uma meta mundial concentrada em garantir água sustentada e saneamento para todos”. Brocklehurst, porém, advertiu que as novas metas pós-2015 deveriam ser desenhadas de forma a estimular os governos a considerarem com máxima prioridade os pobres, vulneráveis e marginalizados. Ela enfatizou ainda que a água, o saneamento e a higiene devem ser parte das futuras metas, de modo a criar o impulso para um acesso universal.

Menon observou ainda que a ajuda internacional para a água e o saneamento foi de um bilhão de dólares, entre 2009 e 2011 (cifra bem inferior aos bilhões destinados ao combate à fraude do “aquecimento global”). Além disso, as informações dos países em desenvolvimento sobre água e saneamento básico não são claras, mas supõe-se que nenhum governo subsaariano tem destinado sequer 0,5% do seu PIB a tais setores.

Em comparação com enormes esforços políticos e econômicos feitos atualmente em todo o mundo para combater o inexistente aquecimento global antropogênico, é perceptível o grau de desorientação que o ambientalismo logrou provocar na formulação de políticas públicas dos governos em todo o mundo.

Fonte: Movimento de Solidariedade Ibero-Americana (MSIa)

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