Lula e Biden colocam trabalhadores e sindicatos no centro do debate mundial

As centrais sindicais acompanharam na tarde desta quarta-feira (20) o lançamento da Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores, firmada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, em Nova York.

A negociação para a criação da parceria iniciou há pouco mais de um mês, com os dois governos concordando que há um avanço global da precarização do trabalho. Há um entendimento que o avanço da extrema-direita pelo mundo tem relação com a falta de perspectiva do povo por um bom trabalho e melhores condições de vida para todos, que levou à perda de apoio da população aos partidos progressistas – geralmente associados a essas pautas.

Segundo falaram Biden e Lula em seus pronunciamentos nesta quarta, a intenção é levantar a pauta com diversos líderes mundiais e expandir a adesão aos princípios do pacto. Os cinco principais pontos são:

  1. Proteger os direitos dos trabalhadores, tal como descritos nas convenções fundamentais da OIT [Organização Internacional do Trabalho], capacitando os trabalhadores, acabando com exploração de trabalhadores, incluindo trabalho forçado e trabalho infantil;
  2. Promoção do trabalho seguro, saudável e decente, e responsabilização no investimento público e privado;
  3. Promover abordagens centradas nos trabalhadores para as transições digitais e de energia limpa;
  4. Aproveitar a tecnologia para o benefício de todos;
  5. Combater a discriminação no local de trabalho, especialmente para mulheres, pessoas LGBTQI e grupos raciais e étnicos marginalizados.

Leia a íntegra da declaração conjunta dos dois países.

Primeiro a falar no lançamento oficial da parceria, Joe Biden disse que promover o trabalho decente é crucial para o avanço econômico, com ascensão social das classes mais baixas e expansão da classe média. Segundo ele, os sindicatos construíram a classe média, e foram esses trabalhadores que construíram os Estados Unidos.

“Trabalho é muito mais que um salário, é sobre dignidade, sobre respeito, é poder olhar seus filhos nos olhos e dizer que tudo vai ficar bem. Essa ideia está no centro da nossa visão de construir a economia expandindo a classe média, de baixo para cima, não de cima para baixo. Essa visão só é possível com um movimento sindical forte. Por isso tenho orgulho que minha administração é considerada a mais pró-sindicatos da história americana”, disse.

O presidente americano afirmou ainda que as discussões em pauta na Assembleia Geral da ONU, como mudança climática e desenvolvimento sustentável, dependem dos trabalhadores para serem colocadas em prática.

“Eles [os trabalhadores] que vão conduzir a transição energética, eles que vão manter as cadeias globais de abastecimento seguras, eles que vão construir a infraestrutura que precisamos para nossas economias fortes. Então nós também temos que fortalecê-los. Esta parceria é sobre isso”.

Lula destacou a presença dos presidentes das centrais sindicais brasileiras e dos sindicalistas americanos, os quais ele agradeceu por sempre prestarem apoio e solidariedade ao movimento sindical brasileiro nos momentos de tensão.

“Eu jamais imaginei estar num púlpito ao lado do presidente dos Estados Unidos, ao lado do diretor-geral da OIT, discutindo a criação de uma política de trabalho decente para melhorar a vida do povo trabalhador, sobretudo nesse mundo digitalizado”, falou.

O combate à informalidade, aos trabalhos precários que não oferecem condições de vida nem minimamente dignas e à discriminação de qualquer natureza – gênero, raça ou orientação sexual – foram os temas apontados por Lula como essenciais para a efetividade da Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores.

Relacionada: “Que seja um freio à precarização”, diz Neto sobre pacto Brasil-EUA pelos trabalhadores

Ele ressaltou também os grupos de trabalho instalados pelo governo federal dos quais as centrais sindicais participam em busca de chegar a consensos com as entidades patronais, como é o caso do GT dos Aplicativos, para discutir a regulamentação do trabalho em plataformas digitais, e o GT da Negociação Coletiva, que busca fortalecer os sindicatos e promover um ambiente mais saudável de negociação entre trabalhadores e empregadores.

“Queremos criar, quem sabe, um novo marco de funcionamento da relação capital e trabalho, uma relação do século 21, civilizada, mas atendendo inclusive a fala do presidente Biden: todas as pessoas que acreditam que sindicato fraco vai fazer que o empresário ganhe mais, que o país fique melhor, estão enganadas. Não há democracia sem sindicatos fortes, porque o sindicato é quem efetivamente fala pelo trabalhador para defender os seus direitos”, afirmou Lula.

O diretor geral da OIT, Gilbert Houngbo, classificou a iniciativa como um “movimento histórico” por reunir “dois dos mais influentes líderes mundiais” para a promoção dos direitos dos trabalhadores.

“A OIT trabalha há quase cem anos para levar adiante as causas da justiça social e do trabalho decente. Nós temos um entendimento sem paralelo de como o trabalho decente gera melhores condições de vida, economias melhores e sociedades melhores. É por isso que nós damos as boas-vindas a essa parceria entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou Houngbo.

Veja também: Governo cria grupo de trabalho para regulamentar Convenção 151 da OIT

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Compartilhe:

Leia mais
reunião tst centrais sindicais
Centrais têm reunião com presidente do TST sobre contribuição assistencial e emprego no RS
APOIO À NOTA TÉCNICA Nº 09 DA CONALIS
Centrais sindicais dão apoio à Nota Técnica da Conalis (MPT) sobre contribuição assistencial
acordo rodoviários porto alegre trt
Rodoviários de Porto Alegre terão reajuste no salário e no vale-alimentação
Apoio Financeiro RS prorrogado
Governo amplia prazo para empresas do RS aderirem a Apoio Financeiro a funcionários
prodesp descumpre cota jovem aprendiz
Tarcísio promete 60 mil vagas de Jovem Aprendiz, mas Prodesp descumpre cota
Fachada ministério do trabalho
Ministério do Trabalho notifica 1,3 mil sindicatos para atualizar informações; acesse a lista
falecimentot josé alberto rossi cnpl
Nota de pesar: CSB lamenta falecimento de José Alberto Rossi, ex-presidente da CNPL
3a plenaria conselhao
Centrais defendem esforço maior contra a desigualdade em plenária do Conselhão
Desemprego no Brasil cai em 2024
Desemprego no Brasil cai de 8,3% para 7,1% em um ano; massa salarial cresceu 5,6%
Encontro sindicatos BR-CHINA SP 2
CSB recebe sindicalistas chineses para apresentar atuação sindical no Brasil