Em encontro online, convidado aponta a desigualdade social; Antonio Neto denuncia o trabalho precário dos terceirizados
“O coronavírus pode até ser democrático, mas o Brasil não é”, assim o jornalista Leonardo Sakamoto, convidado pelas centrais sindicais, disse na Live das Centrais realizada na tarde da última sexta-feira (22), que englobou as questões provocadas pela pandemia e que papel as centrais irão desempenhar para enfrentar toda a injustiça imposta ao povo brasileiro.
Sakamoto fez críticas ao governo brasileiro em relação a postura tomada no combate ao novo coronavírus, tanto na prevenção quanto no combate e medidas viáveis para salvar vidas, frisando que mesmo diante uma crise sanitária, o sistema continua privilegiando as classes mais altas. Dois exemplos dados pelo jornalista para destrinchar o debate foram a classificação dada como essencial do trabalho de domésticas e a contratação de serviços feitos pelos super ricos de UTIs aéreas para levar pessoas contaminadas para São Paulo ou Brasília, ambos casos originados do estado do Pará, “o lado mais frágil acaba pagando a conta do mais forte”, disse. Além disso denunciou a possível tendência de trabalho escravo em escala mundial, devido a falta de assistência às classes mais vulneráveis e endossou o combate ao mesmo.
Também salientou a necessidade da participação das centrais sindicais e sindicatos como forças representativas do povo por direitos humanos e trabalhistas no nosso país.
O presidente da CSB, Antonio Neto, participou da live e destacou os problemas do trabalho terceirizado, como por exemplo a contratação de serviços terceirizados dentro de estatais, que hoje dispensaram todos esses trabalhadores por conta da pandemia. Segundo Neto, a precarização define o trabalho terceirizado no Brasil, por falta da exigência de uma Convenção Coletiva para que os trabalhadores tenham seus direitos respeitados, que leva a não tributação do FGTS, o não pagamento do INSS e salários baixos.
“É bom lembrar o Consenso de Washington, em 1989, dizia lá que os estados não tinham que ter sindicato, nenhuma estatal, ou seja, seria o Estado mínimo. Essa pandemia mostrou que esta tese está completa no Brasil, porque onde você vê 100 milhões de pessoas buscarem esse auxílio emergencial, dá pra ver que o estado não existe na favela, na classe operária, no povo mais sofrido. Não tem acesso à educação, saúde, a nada” denunciou o presidente da CSB.
Participaram também Clementino Ganz, diretor-técnico da Dieese, que mediou a discussão, e os presidentes das centrais sindicais, Adilson Araújo (CTB), Miguel Torres (Força Sindical), Ricardo Patah (UGT), José Calixto (NCST) e Sérgio Nobre (CUT).