Erva daninha exótica é encontrada em 3 propriedades
O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) e a Superintendência Federal de Agricultura (SFA-MT/Mapa) se reuniram na tarde de quarta-feira (08.07) com representantes do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT) e com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Sebastião Carneiro Guimarães, para apresentar o inquérito epidemiológico realizado no período de 29 de junho a 7 de julho, sobre a presença da erva daninha Amaranthus palmeri em lavouras no Estado.
O levantamento foi realizado em 33 propriedades localizadas nos municípios: Ipiranga do Norte, Tapurah, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Campo Novo do Parecis. Foram encontradas plantas em três propriedades, sendo duas em Ipiranga do Norte e uma em Tapurah. A erva daninha apresenta maior quantidade em bordaduras, pouco se encontrou no meio da lavoura. Alguns exemplares encontrados são superiores a dois metros de altura. Amostras de Amaranthus palmeri foram encaminhadas ao Laboratório Agronômica, credenciado no Ministério da Agricultura.
O professor Carneiro alerta sobre a resistência do Amaranthus palmeri ao glifosato, principal herbicida utilizado no controle de pragas. “Uma parte dessa resistência ao glifosato, inclusive, é transmitida geneticamente. Existe a possibilidade desse caruru (Amaranthus palmeri) cruzar com alguns carurus nativos, porém, a probabilidade é muito pequena”.
Ao falar de outros países com presença da praga Carneiro destacou que as medidas usadas tem dado resultado positivo para o controle, mas que podem aumentar o custo de produção. “Aumenta o custo de produção porque você tem que usar outros produtos, mas eles estão conseguindo resolver isso. Em algumas situações mais críticas são levados a voltar em processos de controle muito antigo, como a retirada manual ou controle mecânico, que tem um custo muito alto”.
Dalci de Jesus Bagolin, chefe de Sanidade Vegetal da SFA-MT, destacou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebe relatórios semanais para acompanhar a incidência da erva daninha. “A superintendência está reportando semanalmente ao Ministério, informando-o sobre a situação aqui no Estado. A preocupação do Ministério é a de que essa praga seja disseminada para outros Estados. Vamos demandar a elaboração de uma norma que estabeleça critérios para a saída da planta (Amaranthus palmeri) ou de partes dela, da área infestada, para a execução de projetos de pesquisa relacionados à praga”.
Álvaro Salles, diretor do IMAmt, destaca a parceria com o Indea para manter o controle fitossanitário em Mato Grosso. “Somos parceiros do Indea e a gente entende que todas as medidas que o Indea toma são pelo bem da agricultura, sempre nos chamando para discutirmos juntos. Temos sempre chegado a um bom termo pensando na agricultura como um todo. Salles completa falando do alerta ao encontrarem a planta exótica. “Quando houve a detecção por parte do projeto que o IMA conduz, e dado a gravidade relatada em outros países, que nos chamou muito a atenção, fez com que publicássemos rapidamente a circular, para alertar da presença dessa erva daninha. Acreditamos que se tomarmos medidas possíveis de serem aplicadas junto a tecnologia que temos, será possível evitar a propagação da praga e consequentemente, prejuízos econômicos”.
O coordenador da Defesa Sanitária Vegetal do Indea, Ronaldo Medeiros, ressalta que fiscais continuam realizando levantamento no Estado. “Os técnicos do Indea estão inspecionando as áreas de lavoura aproveitando o período de fiscalização do vazio sanitário da soja. É importante ressaltar ao produtor que ao encontrar uma planta suspeita deve comunicar o Indea do seu município”.
Uma nova reunião será realizada no dia 15 deste mês. Além da SFA-MT, da Ampa-MT, do IMAmt e da Aprosoja-MT, representantes das propriedades onde foram encontradas Amaranthus palmeri, serão convidados. No encontro serão apresentadas as medidas fitossanitárias para a erradicação da praga.
Esse é o primeiro registro da Amaranthus palmeri no Brasil e foi documentado pelo IMAmt, na Circular Técnica n°19/2015. A planta foi encontrada na região do núcleo algodoeiro do Estado de Mato Grosso, em áreas normalmente cultivadas com rotação das culturas de algodão, soja e milho.
A Amaranthus palmeri é a principal erva daninha das lavouras de algodão nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores Edson Ricardo de Andrade Junior (do IMAmt), Anderson Luís Cavenaghi (Univag), Sebastião Carneiro Guimarães (UFMT) e Saul Jorge Pinto de Carvalho (do Instituto Federal do Sul de Minas – Machado/MG), amostras de algumas plantas do gênero Amaranthus, coletadas em 2014, em análises realizadas, apresentaram resistência a aplicação do herbicida glifosato.
Fonte: INDEA/MT – Dayanne Santana