Trabalhadores de entregas por aplicativos como iFood convocaram o movimento ‘Breque Nacional dos Apps 2025’, uma paralisação nacional que ocorrerá nos dias 31 de março e 1º de abril. Trabalhadores de centenas de cidades em todos os estados já aderiram à paralisação.
A mobilização reivindica melhores condições de trabalho e reajuste nas tarifas pagas pelas plataformas. As principais pautas do movimento são:
● Aumento da taxa mínima para R$ 10,00;
● Reajuste do valor por quilômetro rodado para R$ 2,50;
● Limitação das rotas de bicicleta a um máximo de 3 km;
● Pagamento integral da taxa por entrega, sem redução em pedidos agrupados por empresas como iFood.
O ‘Breque dos Apps’ contará também com manifestações, motociatas, carreatas e pedaladas em diversas cidades para, além das reivindicações, denunciar práticas antissindicais das plataformas, que em greves anteriores ofereceram bônus para incentivar trabalhadores a seguir operando ou fizeram ameaças de bloqueios e banimentos para desmobilizar da categoria.
A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) apoia o ato e estará presente junto à Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos (Anea) e à Associação dos Motoboys, Motogirls e Entregadores de Juiz de Fora (Ammejuf).
O secretário da Ammejuf, Nicolas Souza Santos, representou a CSB em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro do ano passado e apontou a falsa autonomia que esses trabalhadores têm em relação aos aplicativos, a começar pela impossibilidade de definir o preço de seu trabalho – requisito básico para qualquer trabalhador de fato autônomo.
“O primordial que estabelece uma relação autônoma é a possibilidade de eu dar meu preço, isso nem nunca foi prometido. Foi prometido pelos aplicativos que nós teríamos liberdade, flexibilidade, autonomia etc, isso nunca foi entregue, mas o preço nunca nem foi oferecido. Então resta claro que não existe a menor possibilidade de a gente ser autônomo, quanto mais parceiro comercial. Nunca nada foi discutido, a gente não está em posição de equilíbrio. O entregador pode perder uma perna trabalhando enquanto as empresas perdem um lanche”, disse na audiência realizada pelo ministro Edson Fachin.
No primeiro ano de governo, Nicolas participou em nome da CSB do grupo de trabalho coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego que buscou chegar a um consenso entre as plataformas e os trabalhadores em relação à garantia de direitos básicos e de proteção aos entregadores, como melhores tarifas, descanso remunerado, fornecimento dos materiais de trabalho e cobertura em caso de acidentes.
Após meses de reuniões, as empresas rejeitaram as demandas dos trabalhadores e o grupo foi encerrado sem uma proposta, permanecendo o impasse que se estende até hoje.