Central dos Sindicatos Brasileiros

Após reunião com centrais, governo recria política de valorização do salário mínimo

Após reunião com centrais, governo recria política de valorização do salário mínimo

Política de valorização do salário mínimo – Após uma reunião do presidente Lula (PT) com representantes de centrais sindicais, nesta quinta-feira (27), no Palácio da Alvorada, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, anunciou a recriação de uma política de valorização real do salário mínimo no país.

O ministro informou que Lula editará uma Medida Provisória (MP) para oficializar o novo valor salário mínimo em R$ 1.320 – com ganho real já em 2023 -, que entrará em vigor a partir de 1º de maio.

“Os R$ 1.320 vão ser oficializados por Medida Provisória e a Política de Valorização Permanente vai ser apresentada por Projeto de Lei ao Congresso Nacional. Temos este ano para tramitar e a primeira validade será em janeiro do ano seguinte”, afirmou o ministro.

Política foi interrompida após ‘Golpe’

Instituída em 2007 e transformada em lei em 2011, a política de valorização salarial foi interrompida após a derrubada da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Ela prevê a combinação de correção da inflação, considerando o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), mais o percentual de variação do PIB de dois anos anteriores ao do reajuste.

Essa fórmula fez com que o salário mínimo alcançasse aumento real de 76% entre 2003 e 2015.

Luiz Marinho afirma que a política aplicada no passado desconstruiu desconfianças de setores que acreditavam que o ganho real no salário geraria inflação, desemprego e queda no emprego formal.

“Tudo isso se dizia, mas nós implantamos e provamos que eram falsas essas percepções. Tivemos um processo de crescimento da renda, do emprego formal, do mercado consumidor e não houve impacto na inflação”, disse.

O salário mínimo é referência para repasses diretos do governo federal para milhões de brasileiros, via aposentadorias, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Seguro Desemprego.

O governo seguirá negociando com as centrais sindicais para que se chegue a denominador comum para a nova política que será instituída.

Participaram da reunião o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre; o presidente da Força Sindical, Miguel Torres; o presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah; o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo; o presidente interino da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Moacyr Roberto Tesch Auersvald; o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, João Inocentini, e o assessor do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio.

Proposta das centrais

No início do mês, as centrais sindicais se reuniram com o ministro do Trabalho e apresentaram sua proposta para a nova política de valorização do salário mínimo.

As entidades sindicais defendem que haja uma reposição referente aos últimos anos, nos quais o salário mínimo não teve aumento real.

A proposta das centrais teve apoio técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e segue um raciocínio diferente da política de valorização que vigorou até 2018.

Essa nova política teria uma espécie de piso para o PIB para garantir a valorização real do salário mínimo mesmo se o PIB for inferior ao piso (2,4%), criando um efeito anticíclico.

Para fazer o cálculo, o grupo levou em consideração as perdas durante os 4 anos de governo Jair Bolsonaro, quando o salário mínimo foi reajustado apenas pela inflação. O estudo diz que ponderou os devidos fatores:

  • O SM (salário mínimo) teve uma valorização real de 4,7% ao ano no período de 2003 a 2014
  • A perda de valor do SM pela não aplicação da regra de 2019 a 2022 de 5,4%
  • Caso o valor de 2023 se eleve para R$ 1.320 (previsto para acontecer em 1º de maio
  • Se a diferença de 5,4% for paga em 3 anos, corresponderia a 1,77% ao ano
  • A necessidade de acelerar o alcance da meta (recuperar o poder aquisitivo do SM de 1940), acrescenta-se um delta de 0,63%, totalizando 2,4% a.a.

Desta forma, a proposta para os próximos três anos fica assim:

  • 2024: INPC + PIB de 2022 (2,9%) + 2,40%
  • 2025: INPC + PIB de 2023 (projeção BC de 1,2%) + 2,40
  • 2026: INPC + PIB de 2024 (projeção Focus de 1,5%) + 2,40

Com base nessa fórmula, o salário mínimo em 2024 seria de R$ 1.469, que representa uma valorização real de 5,7%.

Esse percentual é o dobro da valorização deste ano, de 2,8%, percentual que será alcançado após o salário mínimo de R$ 1.320 entrar em vigor em 1º de maio.

Veja também: Política de valorização do salário mínimo fortalece a economia – por Clemente Ganz