Uma pesquisa encomendada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) detectou uma redução no endividamento das famílias. Em janeiro deste ano, o índice caiu 2 pontos percentuais em relação ao mesmo mês de 2024 e ficou em 76,1%. O número representa uma queda também em relação a dezembro, de 0,6 ponto percentual.
A principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores continua sendo o cartão de crédito, recurso escolhido por 83,9% dos endividados.
A pesquisa apurou também se as pessoas conseguirão pagar suas dívidas, e descobriu que 29,1% das famílias têm dívidas atrasadas e 12,7% não conseguirão pagá-las. Os números em janeiro do ano passado eram de 28,3% e 12%, respectivamente.
Leia: Lula quer forte atuação dos bancos públicos em novo consignado para trabalhadores CLT
Em termos proporcionais, as dívidas comprometem, em média, 30% da renda das famílias com débitos a pagar. O número é bem mais preocupante para um quinto dos endividados, que têm mais da metade de sua renda comprometida.
As famílias mais vulneráveis são aquelas que recebem até três salários mínimos e foram o único grupo que teve aumento nas dívidas na comparação com janeiro do ano passado. De acordo com o estudo, 79,2% dessas famílias estão endividadas e 18,4% não terão como quitar os débitos.
Apesar da melhoria nos resultados, a CNC estima que o endividamento das famílias voltará a crescer a partir de março e deve encerrar o ano com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes.
Capital paulista
O endividamento das famílias na capital paulista também caiu e registrou o menor patamar desde agosto de 2021, apontou outra pesquisa realizada pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
Em janeiro deste ano, o percentual de endividamento caiu de 68,2% em dezembro para 62,7% – o equivalente a 2,7 milhões de famílias. No mesmo mês do ano passado, o percentual era de 69%.
Os meios mais utilizados para contrair dívidas foram o cartão de crédito (83,1%), crédito pessoal (14%), financiamento imobiliário (13%) e os carnês de pagamento (11,8%).
Para o assessor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze, a redução é um reflexo da alta dos juros e da inflação dos alimentos, que acabam desestimulando o consumo.
A taxa de inadimplência se manteve estável no geral, mas aumentou dentre as famílias com renda de até dez salários mínimos, passando de 22,7% em dezembro para 23,1% em janeiro.
Novamente a inflação dos alimentos pode ser a causa da mudança, avalia a FecomercioSP, uma vez que os gastos com alimentação ocupam parte significativa do orçamento das famílias com renda menor.
“O emprego, variável que tem sustentado a renda e evitado um descontrole maior, pode desaquecer com a desaceleração da economia e o crédito mais caro. Se isso ocorrer, manter a taxa de desemprego baixa pode não ser o suficiente para conter o aumento dessa inadimplência”, diz nota da federação.
Com informações de Agência Brasil e Folha de S.Paulo
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil