Dilma: “Nada nem ninguém vai conseguir destruir a Petrobras”

Trechos do discurso da presidenta Dilma Rousseff Dilma em Ipojuca (PE), em 14 de abril

“Quero dirigir a vocês, chamando a cada um de vencedor, vencedor, quero chamar a cada um dos funcionários aqui presentes de vencedores. Vocês são, de fato, vencedores, porque fazem parte de uma empresa vencedora, que nada nem ninguém vai conseguir destruir no nosso país. Nós sabemos que a Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira, ela é a maior empresa deste país, e esse título dificilmente alguém irá tomar da Petrobras.

A Petrobras deve isso aos milhares de homens e mulheres que integram a Petrobras, integram também seus fornecedores, integram os estaleiros, enfim, devem isso a todos vocês, mas devem isso também ao apoio do povo brasileiro, que ao longo da sua história, sempre se orgulhou e lutou pela Petrobras. Mais do que uma empresa, a Petrobras é, portanto, um símbolo, um símbolo da luta do nosso povo, da afirmação do nosso país, e um dos maiores patrimônios de cada um dos 200 milhões de brasileiros que integram a nossa população.

Por isso, a Petrobras jamais vai se confundir com qualquer malfeito, com corrupção ou qualquer ação indevida de quaisquer pessoas das mais graduadas às menos graduadas. Nós, com determinação, estamos aqui nos comprometendo a cada dia que passa que o que tiver de ser apurado vai ser apurado com o máximo de rigor, o que tiver de ser punido vai ser punido também com o máximo de rigor. É importante que vocês saibam que a auditoria da Petrobras, junto com o seu programa de prevenção à corrupção, as comissões de apuração, são os mais eficazes mecanismos de controle e fiscalização internos. E que os órgãos de controle e fiscalização, o Poder Judiciário, o Ministério Público, mas, sobretudo, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, que são órgãos do governo federal, estarão sempre atentos para realizar a fiscalização e os controles externos.

Não podemos permitir, é bom dizer isso, como brasileiros que amam e defendem este país, que se utilizem ações individuais e pontuais, mesmo que graves, para tentar destruir a imagem de nossa maior empresa, a nossa empresa-mãe, ou para tentar confundir quem de fato trabalha a favor e quem trabalha contra a Petrobras. A história da Petrobras e da exploração do petróleo em nosso país, aqui no Brasil, ela tem sido cercada de muitos desafios, ela tem sido cercada de confusões, e até mesmo de armadilhas.

Primeiro, lá no início, chegaram dizer que não, nós não tínhamos petróleo, que não havia petróleo no Brasil. Ironicamente, anos depois, diziam que havia petróleo demais, riqueza demais e que, por isso, toda essa riqueza não podia ficar nas mãos de uma empresa pública, ou seja, nas mãos do povo brasileiro. De forma muito sorrateira, prepararam todo um processo que, se não interrompido, acabaria por conduzi-la fatalmente a mãos privadas. De tão requintado esse processo, chegou a fazer parte desse processo até a troca do nome, que seria Petrobrax, sonegando à Petrobras a sílaba que é a nossa identidade e a nossa nacionalidade, “bras” de Brasil.

Com o apoio de todas as pessoas, a Petrobras resistiu bravamente às tentativas de desvirtuá-la, reduzi-la e privatizá-la. Mas as tentativas de sucateamento deixaram marcas profundas, mas temporárias, não apenas na Petrobras, mas em toda a cadeia do petróleo que sustentava milhares de empresas nacionais, inclusive a indústria naval. Por anos seguidos, o favorecimento à importação de navios e plataformas, a falta de planejamento e a ausência de uma política de conteúdo nacional trouxeram sérios problemas para os fornecedores nacionais.

A redução dos investimentos em geral, em especial em tecnologia, a baixa valorização e a renovação do capital humano corroeram essa grande empresa. Mas ela teve força para resistir, como também soube adaptar-se com êxito à lei número 9.478 de 1997, que introduziu no Brasil o modelo de exploração por concessão, modelo justificável, onde o risco era e é muito elevado e ninguém sabe quanto petróleo vai achar. Graças ao pré-sal e à determinação política dos governantes deste país – eu me refiro ao presidente Lula e ao meu governo –, e também à toda a sustentação obtivemos no Congresso Nacional, com os senadores e os deputados, nós aprovamos em 2010 e implantamos em 2013, o modelo de partilha. Modelo de partilha que nos dá maior controle sobre nossa riqueza e melhor uso social dos recursos do petróleo, porque estamos priorizando a educação dos brasileiros.

O modelo de partilha é fundamental no pré-sal, porque lá no pré-sal o risco é muito reduzido, e sabemos que os volumes são muito elevados, e o petróleo é de muito boa qualidade. Daí a importância da partilha do petróleo, garantindo ao país a maior parte da riqueza do pré-sal. Fato muito relevante é que a nova lei que criou o regime de partilha para o pré-sal estabeleceu que a Petrobras deve ser a operadora desses megacampos, com uma participação de, no mínimo, 30%. Isso vai significar, no médio prazo, o fortalecimento da Petrobras em níveis jamais alcançados. Isso vai significar também uma demanda constante para a indústria naval, para esse estaleiro e todos os outros, garantindo a sustentabilidade, a perenidade dos empregos aqui criados.

Por isso, meus amigos e minhas amigas, está errado quando alguns dizem que a Petrobras está perdendo valor e importância no Brasil. Manipulam os dados, distorcem análises, desconhecem deliberadamente a realidade do mercado mundial de petróleo para transformar eventuais problemas conjunturais de mercado em supostos fatos irreversíveis e definitivos. Escondem, por exemplo, que em 2003, no início do Lula, a Petrobras valia apenas no mercado, porque ela sempre vai valer mais do que o mercado, mas naquela época valia no mercado R$ 15,5 bilhões. E hoje, mesmo com toda a crise internacional, mesmo com todos os problemas a elas ligados e as questões relativas e conjunturais da Bolsa, o valor de mercado da Petrobras chega a R$ 98 bilhões.

Ao contrário do passado, a Petrobras é hoje a empresa que mais investe no Brasil. Foram 306 bilhões de reais, aliás, de dólares, de 2003 a 2013, sendo que o ano passado chegou a 48 bilhões de dólares. É importante lembrar que em 2002, foram investidos apenas 6,6 bilhões de dólares. Isso significa que nesse período nós multiplicamos por seis o investimento na Petrobrás. O lucro líquido da Petrobrás também mudou de patamar. Passou, e aí está em reais, de 8,1 bilhões para 23,6 bilhões de reais.

Estas e outras conquistas provam que os nossos governos, o meu e o do presidente Lula, reergueram a Petrobras. Reconstituímos o seu programa de investimentos, valorizamos e aperfeiçoamos seu quadro de funcionários. Foi assim que a empresa se transformou na que mais investe em prospecção de petróleo no mundo e que tem mais expertise na prospecção em águas profundas e ultra-profundas. Foi por isso que descobrimos os megacampos do pré-sal, que mudou o nosso cenário petrolífero e vai ajudar a mudar, com eu disse, a qualidade da educação, porque os recursos dos royalties e 50% do fundo social do pré-sal vão para a educação, da creche à pós-graduação, o que vai levar o nosso povo a um outro patamar de desenvolvimento. E nós aqui estamos e sabemos que o fortalecimento da Petrobrás revolucionou a indústria naval brasileira.

Nós já dissemos aqui o quanto os empregos aumentaram. A previsão para 2017 é que, dos quase 80 mil que gera hoje, nós bateremos 100 mil empregos gerados na indústria de fornecedores, e entre [20]14 e [20]15, nós geraremos mais 17 mil empregos. E nós podemos também medir a Petrobras pela sua força, tanto em terra quanto no mar. Nós hoje temos em operação, para vocês terem uma ideia, 133 plataformas, 41 sondas de perfuração e 361 barcos de apoio. Muito mais virão, como disse a presidente da Petrobras aqui.

Em 2014, só em 2014, estão em construção 18 plataformas nos estaleiros e canteiros espalhados pelo Brasil, 28 sondas de perfuração, 43 navios-tanque para óleo, gás e refinados. Graças ao fortalecimento dessa empresa as nossas reservas chegaram a 16,6 bilhões de barris de óleo equivalente, e a relação entre a produção, o óleo existente e a produção, chegou a ser de 19 anos, enquanto nas grandes empresas e de 12 a 16. É uma coisa muito importante: o índice de sucesso. Em geral é 75, no pré-sal é de 100%. O índice de sucesso é aquele que faz com que você, ao furar, ache petróleo.

Por último um dado que fala por si mesmo. Entre 2003 e 2013, a produção de petróleo, Brasil e exterior, cresceu 21%, mais de 358 mil barris/dia, enquanto nesse mesmo período as outras petroleiras gigantes reduziram a sua produção em 15%, menos 338 mil barris.

Finalmente, minhas queridas amigas e amigos aqui presentes, como presidenta mas, sobretudo, como brasileira, eu defenderei, em quaisquer circunstâncias e com todas as minhas forças a Petrobras. Não transigirei em combater todo tipo de malfeito, ação criminosa, tráfico de influência, corrupção ou ilícito de qualquer espécie, seja ele cometido por quem quer que seja. Mas, igualmente, não ouvirei calada a campanha negativa dos que, por proveito político, não hesitam em ferir a imagem desta empresa que o nosso povo construiu com tanto suor e lágrimas, apesar da galera mangar, com as mãos encharcadinhas de óleo, mas também de muita esperança.

Quero concluir afirmando um princípio no qual eu acredito e que, tenho certeza, vocês também acreditam: a Petrobras é maior do que qualquer um de nós. A Petrobras tem o tamanho do Brasil”.

Fonte: Jornal GGN

Por Olímpio Cruz Neto – Jornalista

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