Dia 10 de outubro é o Dia Internacional da Saúde Mental. Neste dia, organizações e profissionais da área promovem ações que visam conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental e combater o estigma em torno do assunto.
É cada vez maior o número de trabalhadores que sofrem com problemas de saúde mental e precisam se afastar do trabalho por isso. No Brasil, por exemplo, estima-se que 30% dos trabalhadores – cerca de 28 milhões de pessoas – sofram de síndrome do esgotamento profissional, conhecida como burnout.
A Federação dos Municipários do Rio Grande do Sul (Femergs) aproveitou a data para alertar como os servidores municipais são amplamente afetados por condições estressantes, que prejudicam seu bem-estar e saúde mental.
“No serviço público municipal, a troca constante de chefias a cada eleição, a falta de priorização da gestão pública municipal como eixo principal, tem causado grande sofrimento mental aos trabalhadores públicos municipais. Todos nós sabemos do grande número de colegas que estão adoecidos, e muitos precisam de afastamento por agravamento do sofrimento mental. Inclusive com complicações físicas advindas deste sofrimento”, disse a presidente da Femergs, Clarice Inês Mainardi.
Clarice lembrou que a nova diretoria da Federação, eleita em junho deste ano, tomou posso com a missão de tirar o servidor municipal da invisibilidade, pois são trabalhadores que estão no dia a dia da população prestando os serviços mais essenciais como em educação e saúde, mas sem o devido reconhecimento.
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“Nós assumimos com o compromisso de tirar o servidor municipal da invisibilidade estatística que nos colocam, principalmente na questão de saúde. Pela Constituição, é dado ao ente municipal o poder de legislar sobre os servidores públicos que nele atuam, mas isto não significa que podem deixar de alimentar os dados do Sistema de Saúde dos governos federal e estadual, pois estes dados são os que indicam a necessidade de ação, interferência e solução para garantir o direito constitucional a saúde de todos os brasileiros. O servidor público municipal, antes de tudo, é um trabalhador igual a qualquer outro brasileiro, portanto, sujeito de direito que necessita ter sua dignidade respeitada, assim como qualquer outro cidadão”, explicou.
A presidente da Femergs fez um apelo à categoria e pediu que todos fiquem alertas aos seus colegas com um “olhar solidário” para reconhecer sinais que indiquem questões de saúde mental como depressão, tristeza excessiva, falta de esperança perda de interesse em atividades antes prazerosas, e modificações de comportamento que antes não eram comuns”.
“Como entidade sindical, temos a obrigação de discutir esta situação e na negociação com o gestor, além da questão salarial, exigir ações que previnam o adoecimento dos servidores”, concluiu Clarice.
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A CSB corrobora a mensagem dos companheiros do Rio Grande do Sul e destaca a urgência de se olhar para o bem-estar dos trabalhadores. Os altos índices de síndromes ligadas à saúde mental, como o burnot, demonstram que já passou da hora de discutir soluções que contribuam para uma melhor qualidade de vida do trabalhador, como a redução da jornada de trabalho.
Experimentos realizados em diversos países do mundo – e em curso no Brasil – com a jornada de quatro dias de trabalho, demonstram melhorias significativas na saúde mental dos funcionário das empresas que adotaram a jornada reduzida, que ainda tiveram ganhos na produtividade.
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