Os presidentes das centrais sindicais brasileiras e o ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho, se reuniram na terça-feira (19) em Nova York com os diretores da United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores das montadoras nos Estados Unidos.
As lideranças brasileiras ofereceram seu apoio à greve decretada pelo UAW na última sexta-feira (15), pedindo por melhores salários e condições de trabalho. O sindicato argumenta que, nos últimos quatro anos, os CEOs das empresas tiveram aumento salarial de 40%, e pedem que o reajuste dos trabalhadores seja na mesma proporção, tendo em vista também os lucros recordes que essas companhias têm obtido.
A greve do UAW está sendo realizada por 13 mil trabalhadores de três fábricas da Ford, GM e Stellantis. O sindicato possui mais de 140 mil associados, mas paralisou apenas a quantidade mínima necessária e em áreas específicas da linha de montagem para frear a produção dos automóveis, ao mesmo tempo em que garantem que a maioria dos trabalhadores siga recebendo pagamento.
“As novas tecnologias deveriam facilitar a vida, com menor jornada, mais espaço para a família, para a cultura e o lazer. Mas não é isso que acontece. Há mais acúmulo e concentração de renda e riqueza no mundo”, disse Luiz Marinho.
Diretor da regional 9A do United Auto Workers, Daniel Vicente disse que, apesar do avanço da tecnologia e dos lucros, as montadoras têm promovido precarização nas condições de trabalho, com funcionários cumprindo jornadas diárias de 12 horas por dia, todos os dias da semana. “Tenho 4 filhos e fico mais tempo no trabalho do que com eles”, contou.
Desde o início da greve, o presidente norte-americano Joe Biden tem falado em defesa do UAW e defendeu que as montadoras dividam seus lucros recordes com os trabalhadores, fazendo contratos melhores.
O ministro Marinho afirmou que a precarização preocupa o governo brasileiro e que o cenário de piora nas relações de trabalho motivou a construção da Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores, com o governo norte-americano. A iniciativa foi lançada nesta quarta-feira (20), pelos presidentes Lula e Biden.
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O presidente da CSB, Antonio Neto, lembrou que a precarização no Brasil também tem avançado intensamente após a reforma trabalhista de 2017 e atinge todos os setores, inclusive o de Tecnologia da Informação, que reúne algumas das mais lucrativas companhias do mundo.
“Espero que iniciativas como esta coloquem um freio em empresas como as big techs, a IBM, a Amazon, a BairesDev e todas que atuam como se estivessem acima das leis, operando com desrespeito à legislação trabalhista e tributária, utilizam-se de práticas antissindicais, explorando nossa mão de obra e promovendo uma concorrência desleal na prestação de serviços tanto em nosso país quanto nos EUA”, alertou.
Também diretor regional do UAW, Brandon Mancilla lembrou que Lula é membro honorário do sindicato e agradeceu aos brasileiros pelo apoio. Ele destacou que o sindicato tem a mesma visão do Brasil quanto à unicidade sindical, ou seja, que os sindicatos devem lutar por toda a categoria, e não apenas por seus associados.
“Não lutamos apenas por nossos associados, mas para que essas corporações paguem o valor justo pelo trabalho”, completou.