Categorias protestam contra reformas em dia de paralisação em Juiz de Fora

Veja as adesões e os serviços afetados nesta sexta-feira (28). Manifestantes fizeram passeata pelas ruas centrais da cidade

Trabalhadores de diversas categorias, sindicalistas e integrantes da sociedade civil participaram de uma manifestação nesta sexta-feira (28) no Centro de Juiz de Fora. Vários setores paralisaram as atividades. Eles são contra a Reforma Trabalhista e da Previdência, a terceirização e o governo Temer.

O número de participantes foi estimado em 100 mil pela organização. A Polícia Militar (PM), que acompanhou o ato, preferiu não divulgar estimativa.

A concentração começou por volta das 9h na Praça da Estação, com espaço para falas dos representantes do movimento a partir das 10h15. Estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) desceram do campus em protesto e se juntaram aos participantes na praça.

“A expectativa a nível nacional é mexer com os brios deste governo e do Congresso. Eles foram covardes. A nossa esperança é que o Senado não vote a Reforma Trabalhista e abra a discussão. A reforma precisa ser discutida com o trabalhador e a sociedade. É uma forma de desrespeito com o povo que os colocou lá. A gente quer ter espaço na mesa”, afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu), Amarildo Romanazzi.

Pouco depois das 11h, os manifestantes seguiram em caminhada com faixas e gritos pelas ruas centrais da cidade, passando pela Avenida Francisco Bernardino, Rua Barão de Cataguases, retornando pela Avenida Rio Branco até o Parque Halfeld.

Houve parada para discursos de políticos e representantes de entidades e movimentos sociais integrantes da manifestação no cruzamento da Avenida Francisco Bernardino com a Rua Benjamin Constant.

No mergulhão, a Avenida Rio Branco chegou a ser fechada nas três pistas, assim como a Avenida dos Andradas nas esquinas com as ruas Barão de Cataguases e Paula Lima. Motoristas tiveram que manobrar para não ficarem parados. Agentes de trânsito e PM orientaram o trânsito nos trechos durante a interdição.

Nesta região, faixas de apoio à paralisação foram colocadas nos prédios do Hemominas, na agência da Previdência na Avenida dos Andradas, no Palácio da Saúde e nas sedes dos Sindicatos dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços em Saúde (Seess) e dos Empregados em Bares, Restaurantes, Hotéis, Turismo e Lavanderias (Sindecohtul), ambos na Rua Barão de Cataguases.

Por volta das 13h, eles saíram pelas três pistas da Avenida Rio Branco e seguiram em direção ao Parque Halfeld. Houve outra parada do carro de som para fala de um representante do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de Minas Gerais (Sitraemg) em frente ao Fórum da Justiça do Trabalho, onde havia uma faixa de apoio ao protesto, como no ato do dia 15 de março.

A última parada foi em frente ao Parque Halfeld, no cruzamento da Avenida Rio Branco com a Rua Halfeld. Os representantes das centrais integrantes do Fórum Social e Popular fizeram os últimos discursos e o ato foi encerrado por volta das 14h30.

Ao longo do trajeto, comerciantes nas Avenidas Francisco Bernardino e Rio Branco fecharam as lojas provisoriamente. Ao G1, alguns, que preferiram não se identificados, comentaram que era uma medida de segurança. No entanto, de acordo com a PM, não houve nenhuma ocorrência durante a manifestação, que transcorreu de forma pacífica. Segundo a corporação, o único impacto foi no trânsito, mas houve a tentativa de minimizar com desvios.

A Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) informou que os agentes acompanharam a passeata, fechando e liberando o trânsito conforme o avanço dos participantes.

“É uma data importante que vai ficar marcada na nossa história. Essa luta não é de esqueda contra a direita. É a luta de uma nação contra um grupo que chegou ao poder de forma ilegítima para atacar os direitos dos brasileiros. Nenhum direito a menos. Temos que derrubar temer e a corja de corruptos que se sustentam nas listas da Odebrecht”, disse o representante da Central dos Sindicatos Brasileiros, Cosme Nogueira.

Entre os pronuciamentos feitos, também esteve o da coordenadora do Sinpro e integrante da direção nacional da CUT, Cida Oliveira. “É o momento de dizer a esse governo que não o reconhecemos e que não vamos deixar que tirem os nossos direitos com esta reforma trabalhista e da previdência. Nós não iremos trabalhar até morrer porque é isso o que eles querem. Juiz de Fora demonstra que vai lutar contra a retirada dos nossos direitos”, afirmou. Ao final da manifestação, ela disse que a resposta da população surpreendeu as expectativas das organizações integrantes do Fórum Social e Popular.

Participam representantes do Sindicato dos Metalúrgicos, Associação de Docentes de Ensino Superior (Apes), Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), dos Professores Municipais (Sinpro); dos Trabalhadores de Transporte Coletivo (Sinttro), dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel), dos Empregados do Comércio de Juiz de Fora, dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu), dos Trabalhadores dos Correios da Zona da Mata e Campo das Vertentes, dos Bancários, da Construção Civil, Sinprafarma, Sindicato dos Médicos, Frente Brasil Popular, Juventude e Revolução, Sindiprev, Sindicato dos Eletricitários, Sindicato dos Engenheiros, Embrapa, Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria, Sindifisco, Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Juiz de Fora e Região (Sinteac), Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Químicas, Farmaceuticas e de Material Plástico de Juiz de Fora e Região (Stiquifamp), Sindicato dos Empregados Em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas de Minas Gerais (Sintibref), Sindicato da Polícia Federal, da Polícia Civil, dos Agentes Penitenciários, Trabalhadores da Cemig, coletivos feministas, Movimento Negro Unificado e Nova Central Sindical, MST, representantes de partidos políticos, entre outros.

Além disso, foram mencionadas as presenças de delegações de Goianá, Matias Barbosa, Leopoldina, Muriaé, Paiva, Recreio.

Paralisação

As paralisações afetam vários setores nesta sexta-feira: transporte público, agências bancárias, escolas estaduais e municipais e algumas particulares, além de professores e técnico-administrativos da UFJF. Sindicatos dos Correios, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos Médicos também confirmaram a adesão.

Os trabalhadores do transporte coletivo urbano estão paralisados desde a madrugada desta sexta-feira (28). No perfil em rede social, o Sindicato dos Trabalhadores e Empresas do Transporte Coletivo, Urbano, Intermunicipal, Interestadual, Fretamento e Turismo de Juiz de Fora (Sinttro) informou que suspendeu as atividades por tempo indeterminado a partir da meia-noite.

Em nota enviada à imprensa, a assessoria dos Consórcios Integrados do Transporte Urbano (Cinturb) destacou que a posição dos dois – Manchester e Via JF – é de que as empresas vão fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que o sistema de transporte urbano de Juiz de Fora funcione normalmente nesta sexta (28). “O objetivo é garantir o direito de ir e vir aos usuários e funcionários, independente do horário em que o Sindicato da categoria defina como período de adesão ao movimento”, explicou a nota.

Por causa da paralisação dos ônibus, a Settra liberou as faixas exclusivas das Avenidas Brasil, Coronel Vidal e Francisco Bernardino estão liberadas para o trânsito dos demais veículos. E a pista central da Avenida Rio Branco foi liberada para táxis. A medida foi suspensa pouco depois das 16h30 com o retorno da circulação do transporte coletivo.

O Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), entidade patronal, informou que o comércio da cidade irá funcionar normalmente.

Já o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel), informou que esperam que cerca de 1.200 a 1.500 trabalhadores irão aderir ao movimento. Além de protestarem contra as propostas de reformas do governo Temer, o Sinttel irá tentar aproveitar a ação para reivindicar direitos da categoria.

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) estima que 100% dos funcionários participam da paralisação.

O Sindicato dos Servidores Municipais (Sinserpu) informou que paralisaram as creches, os Centro de Referência de Assistência Social (Cras), os curumins e os serviços de atenção primária à saúde, como as unidades de pronto atendimento (UPAs) e o PAM Marechal. O Hospital de Pronto Socorro (HPS) e outras unidades públicas de saude da rede de urgência atenderam com apenas 30% do efetivo.

Ainda de acordo com o Sindicato, Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav), Secretaria de Obras, os centros culturais da Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), agentes de trânsito, guarda municipal e agentes de endemia devem paralisar.

Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora disse que os serviços administrativos e de atendimento ao público foram mantidos nesta sexta (28) no prédio sede, no Espaço Cidadão, na Escola de Governo e nos setores lotados no edifício Adhemar Rezende de Andrade, na Secretaria de Meio Ambiente e Atividades Urbanas, Fiscalização, na Cesama, na Funalfa, área administrativa da Empav, na Casa da Mulher e na Junta de Serviço Militar. A coleta de lixo e o serviço de varrição ocorreram sem transtornos. Conforme a nota, a expectativa do Executivo é que 90% do serviço esteja sendo realizado normalmente nesta sexta.

Na Secretaria de Obras, engenheiros, técnicos e área administrativa trabalharam normalmente. Os funcionários de campo não tiveram expediente, porque foi estabelecido há mais de 20 anos que os servidores recebem folga no último dia útil de cada mês.

Serviços da Secretaria de Desenvolvimento Social mantiveramfuncionamento parcial. Casas de acolhimento institucional e serviços para população de rua atenderam normalmente. Os conselhos tutelares estão atendendo em esquema de plantão.

Também estiveram com atendimento parcial as Secretarias de Agropecuária e Abastecimento, e a de Transporte e Trânsito (Settra).

A Secretaria de Educação registrou a maioria das escolas paralisada. As creches municipais e conveniadas funcionaram parcialmente. Das municipais, apenas um terço está funcionando, enquanto entre as conveniadas metade das unidades está com atendimento normal.

Na Saúde, a procura pelos serviços foi muito baixa. Não houve registro de ausência de médicos, apenas de servidores de enfermagem, devido à falta de transporte público no Departamento de Clínicas Especializadas (DCE). Departamentos de Saúde da Mulher, do Idoso e da Criança e do Adolescente funcionaram plenamente, assim como Departamento de Práticas Integrativas e Complementares (DPIC), Farmácia Central e Saúde Bucal, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) AD e Centro de Convivência, e o serviço de Vacinação funciona normalmente no térreo do PAM-Marechal.

Já os CAPS I, Leste e Casa Viva mantiveram 30% do atendimento. Nas Unidades de Urgência e Emergência foram registradas poucas ausências.

Na Atenção Primária, nove Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) funcionaram normalmente, 20 tiveram funcionamento parcial e 15 ficaram fechadas, conforme dados parciais divulgados pela Secretaria de Saúde.

Na Vigilância em Saúde, os serviços funcionam plenamente. Os agentes de combate a Endemias mantiveram o trabalho. A Subsecretaria de Regulação funciona normalmente. As coletas de sangue que seriam realizadas nesta sexta foram remarcadas com antecedência para terça-feira (2), sem prejuízos aos usuários.

Fonte: G1

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