Presidente Biden apoia greve de portuários: “empresas devem dividir lucros recordes”

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu apoio aos trabalhadores portuários em greve que, desde terça-feira (1º), pararam metade de todo o transporte marítimo no país, interrompendo o fluxo em 36 portos no Golfo e na Costa Leste. O governo tem pressionado o sindicato dos empregadores, USMX, a melhorar sua proposta para dar fim à paralisação.

“As empresas tiveram lucros inacreditáveis, mais de 800% de lucros desde a pandemia, e os donos dessas empresas estão ganhando dezenas de milhões de dólares com isso. É hora de eles se sentarem na mesa de negociação e darem um fim a essa greve”, disse Biden nesta quarta (2) em entrevista.

Além disso, o presidente norte-americano já descartou o uso de um dispositivo chamado Taft-Hartley Act, criado em 1947, que forçaria os trabalhadores a voltarem ao trabalho. Quando perguntado se invocaria o ato que limitaria a greve, ele disse que não, pois “trata-se de uma negociação coletiva e eu não acredito no Taft-Hartley”.

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A vice-presidente Kamala Harris, que disputa a eleição presidencial contra Donaldo Trump após Biden renunciar a candidatura à reeleição, também endossou as reivindicações dos cerca de 45 mil trabalhadores paralisados.

“Eles desempenham um papel vital no transporte de produtos essenciais por todo o país, eles merecem sua parte justa nos lucros recordes”, disse nesta quarta.

De acordo com a CNN, as empresas do setor tiveram lucro de 400 bilhões de dólares de 2020 a 2023 com o aumento do preço dos fretes durante a pandemia e depois dela.

O ILA (Associação Internacional dos Estivadores, na sigla em inglês), sindicato que coordena a paralisação, pede um aumento de 5 dólares na hora de trabalho para cada ano no próximo contrato que terá validade de 6 anos, um aumento de 77% em relação ao valor que recebem atualmente.

A administração federal propôs 4 dólares de acréscimo, o que estava sendo considerado pelo sindicato dos trabalhadores, porém o sindicato patronal fez uma contraproposta de 3 dólares de reajuste na hora e argumentou que o valor é 50% maior do que haviam proposto inicialmente. O ILA considerou a proposta ofensiva e voltou à reivindicação inicial de 5 dólares a mais.

O secretário de Transportes, Pete Buttigieg disse à CNN que acredita ser possível chegar a um acordo para encerrar a greve.

“Nós temos conversado com os dois lados e incentivando que negociem e cheguem a um acordo. Acreditamos que, economicamente, eles não estão tão distantes a ponto de não conseguirem chegar a um meio termo, especialmente quando se considera que é um setor muito, muito lucrativo”, afirmou.

Assim como Biden e Kamala Harris, o secretário defendeu o direito do sindicato de reivindicar uma fatia justa dos lucros recordes que as transportadoras têm tido nos últimos anos.

Os trabalhadores querem ainda que as empresas se comprometam a interromper planos de automatização e substituição de mão de obra por máquinas, como carros de transporte de carga que são autodirigíveis.

Prejuízos

Segundo estimativa do banco JP Morgan, a greve deve ter um custo de 5 bilhões de dólares por dia. Inicialmente, não devem ser sentidos impactos nos preços e abastecimento de produtos, mas, caso a paralisação se prolongue, os principais prejuízos devem ser de produtos perecíveis e pode faltar alimentos que os Estados Unidos importam em grande quantidade, como açúcar, café e banana, fruta que é 100% importada no país.

Apenas em Nova York, há mais de 100 mil contêineres esperando descarregamento e outros 35 navios porta-contêineres estão previstos para aportar na cidade na próxima semana. 

Com informações de Reuters e CNN
Foto: reprodução

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