Acordo entre centrais e AGU prevalece no STF: FGTS deverá ter correção mínima pela inflação

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) deve ser corrigido, no mínimo, pela inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A decisão foi tomada nesta quarta-feira (12) por 7 votos a 4.

A corte decidiu ainda que a mudança não irá retroagir e valerá para o saldo existente a partir da data de publicação da ata do julgamento.

O voto seguido pela maioria foi do ministro Flávio Dino, que votou para que fosse adotado o modelo apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) a partir de um acordo com a CSB, CUT, Força Sindical e UGT.

Relacionada: Governo negocia com centrais e propõe que FGTS seja corrigido pela inflação

De acordo com o novo sistema acordado entre as partes, o FGTS será corrigido pelo IPCA quando, no mês, o valor da inflação for maior que a Taxa Referencial, garantindo que o trabalhador não sofra perdas pela inflação.

Pelas regras em vigor, o FGTS tem um rendimento igual ao valor da Taxa Referencial mais 3% ao ano. A TR é um tipo de taxa de juros criada na década de 1990, usada como parâmetro para algumas aplicações financeiras.

Agora, todo mês em que a TR mais 3% ficar abaixo da inflação, a correção será complementada até chegar ao valor do IPCA.

Atualmente, a TR está em 0,32% ao mês, mas o índice pode mudar, pois é formado por uma série de variáveis.

A maioria dos ministros entendeu que o FGTS não é apenas uma aplicação financeira e precisa cumprir sua função social. Nos votos, os ministros ressaltam os riscos de uma mudança para rendimento maior dificultar o acesso aos financiamentos habitacionais.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a decisão representa um resultado positivo para todos os envolvidos: empresas, trabalhadores e governo.

“Ganham os trabalhadores, os que financiam suas moradias e os colaboradores do setor de construção civil. Na condição ex-empregado da Caixa, sinto-me profundamente comovido ao contribuir para preservar a poupança dos trabalhadores e proporcionar a oportunidade de possuírem sua própria residência aqueles que mais necessitam”, escreveu o ministro.

Histórico

O julgamento começou em abril do ano passado e foi interrompido por pedidos de vista, quando os ministros pedem mais tempo para analisar um tema. Ao longo das sessões os ministros se dividiram em três correntes. A primeira foi a do relator e presidente do STF, ministro Luís Roberto

Barroso votou para fixar que o fundo não pode ser inferior à da caderneta de poupança e sugeriu duas regras:

– Para depósitos que já existem: distribuição da totalidade dos lucros do FGTS pelos correntistas – o que o governo faz atualmente por iniciativa própria passaria a ser obrigatório; 

– A partir de 2025: os novos depósitos seriam remunerados pela taxa de correção da poupança.

O voto de Barroso foi seguido por Nunes Marques, André Mendonça e Edson Fachin. 

Na sessão desta quarta, o ministro Cristiano Zanin abriu a divergência e propôs a rejeição da ação, mantendo a correção pela TR.  Zanin foi seguido por Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Foto: arquivo/Agência Brasil

Compartilhe:

Leia mais
calor trabalho denuncias mpt
Denúncias ao MPT envolvendo calor extremo batem recorde nos primeiros meses de 2025
novo consignado clt para trabalhadores negativados
Trabalhador negativado pode solicitar novo consignado para CLTs; saiba como funciona
Declaração Imposto de Renda 2025 (2)
Declaração pré-preenchida completa do Imposto de Renda 2025 já está disponível; acesse
Seminário Femergs1
CSB participa do VIX Seminário de Formação do Servidor Público Municipal da Femergs
plano de saúde criança autista
Mãe aciona Justiça após seguradora reajustar em 379% plano de saúde do filho autista
isenção IR certificação TI
Sindpd-SP e Fenati: Isenção de Imposto de Renda na certificação em TI já!
fachada banco do brasil sede
Banco do Brasil lidera novo consignado para CLTs com R$ 600 milhões liberados
brasil cria 432 mil empregos fevereiro 2025
Brasil gera 432 mil empregos formais em fevereiro, melhor resultado histórico para o mês
geração de empregos recorde em fevereiro
Geração de empregos no Brasil deve bater recorde histórico em fevereiro
reajuste servidores públicos
MGI: Reajuste dos servidores federais será pago em maio, incluindo valores retroativos