Líderes sindicais do Brasil e do mundo encontraram-se nesta terça-feira (23) em Fortaleza (CE) para a abertura da reunião de cúpula no Labour 20 e da última reunião técnica do Grupo de Trabalho sobre Emprego do G20, que este ano é presidido pelo Brasil.
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Criado em 2008, o L20 é um grupo formado por líderes sindicais das maiores economias do mundo e tem caráter consultivo dentro do G20. O grupo busca influenciar as políticas econômicas e sociais dos países membros do G20 para garantir que os interesses dos trabalhadores sejam levados em consideração.
Reunião do L20
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esteve presente na abertura das atividades do L20, evento que ele também preside no contexto do G20 sobre Emprego. Em seu discurso de abertura, ele destacou como a transição energética deve representar uma oportunidade para os trabalhadores e beneficiar a todos.
“Somente por meio de um compromisso conjunto podemos assegurar que o crescimento econômico seja sustentável e inclusivo, beneficiando todos os segmentos da sociedade”, afirmou.
O belga Luc Triangle, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), falou sobre a necessidade de se criar empregos decentes, contrastando com a informalidade do trabalho em plataformas.
“O trabalho em plataforma é um desafio, é um trabalho informal. Não somos contra, mas queremos regras claras e pedimos apoio ao governo brasileiro”, disse.
As discussões do grupo continuam nesta quarta-feira (24). Na pauta estão os impactos da inteligência digital no mundo do trabalho, a transição energética justa, salário digno e direitos trabalhistas.
No GT sobre Emprego
Luiz Marinho abriu também a quinta e última reunião do GT sobre Emprego do G20. Até o dia 26, os ministros do Trabalho do G20 discutem o teor final da declaração conjunta que vão divulgar na conclusão das atividades do grupo.
A declaração se somará aos documentos similares dos outros GTs na cúpula de chefes de estado, entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, quando acaba a vigência da presidência do Brasil no G20.
“Vocês têm a importantíssima tarefa de construirmos essa declaração”, disse Marinho aos sindicalistas e outras lideranças presentes. “Não é uma tarefa fácil, mas esperamos que seja uma declaração sólida sobre os nossos temas”, afirmou.
Um dos focos da declaração deve ser a igualdade salarial entre homens e mulheres. Porém, o ministro ressaltou que a igualdade de gênero vai além da questão salarial.
“Eu tratei do tema de salário igual no ano passado, mas a igualdade de gênero não se trata somente de salário igual; se trata de tantas outras coisas. Trata-se de [ter] políticas de cuidado, trata-se de um conjunto de valores importantes num processo democrático.”
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O vice-presidente da CSB e presidente do Sindicato dos Contabilistas do Ceará (Sindcont-CE), Manoel Pinheiro Cavalcante, falou em nome da central na reunião, e pontuou que muitos dos temas tratados ali já são colocados em prática pela atuação dos sindicatos no dia a dia. Por isso, destacou, é essencial que o movimento sindical seja fortalecido e tenha condições de ampliar seu poder de atuação.
Temas em debate
O GT sobre Emprego tem quatro eixos prioritários: criação de empregos de qualidade e promoção do trabalho decente para garantir a inclusão social e eliminar a pobreza; promoção de uma transição justa no processo de transformações digitais e energéticas; uso de tecnologias para a melhoria da qualidade de vida de todos; e igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho.
No dia 25 de julho, serão debatidos a criação de empregos de qualidade e a promoção do trabalho decente, para garantir a inclusão social e eliminar a pobreza e a fome, e a intervenção de Chefes de Delegação na criação de empregos de qualidade e na promoção do trabalho decente. Além disso, ocorrerá o Fórum de Lideranças em Transição Justa.
Já no dia 26, ocorrerão discussões sobre igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho, intervenção de Chefes de Delegação sobre igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho, o uso de tecnologias como um meio de melhorar a qualidade de vida de todos, e a adoção da Declaração de Ministros.
Sobre o G20
O G20 é um grupo composto pelas maiores economias do planeta. Além da União Europeia e da União Africana, integram o grupo África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
Juntos, esses países representam cerca de 80% do produto mundial bruto, 75% do comércio internacional, dois terços da população global e 60% da área terrestre do mundo.
Foto: reprodução/Rádio Peão Brasil