Patrões combatem contribuição assistencial porque querem sindicatos fracos, diz Neto

O presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, defendeu a recomposição financeira e fortalecimento dos sindicatos como essencial para o equilíbrio nas relações de trabalho e no desenvolvimento do país durante o Congresso Nacional de Relações Trabalhistas e Sindicais (Conarts), organizado pela Central Consult.

Representando a CSB e o Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd-SP), Neto participou de um dos painéis nesta quinta-feira (17) ao lado do vice-presidente da Força Sindical e presidente da Federação dos Químicos do Estado de São Paulo (Fequimfar), Sérgio Luiz Leite, e de dois representantes de entidades patronais: Paulo Henrique Schoueri, vice-presidente da Fiesp, e Clovis Queiroz, diretor de Relações de Trabalho e Sindical da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde).

Mediado pelo gerente de Relações Trabalhistas e Sindicais do Magalu, Renato Machado Moreira, o painel tinha como foco apresentar quais os planos e expectativas das entidades representativas de trabalhadores e patrões para o próximo ano.

Neto destacou que o foco principal das centrais sindicais – que trabalham em conjunto nesta negociação – é estabelecer em lei um modelo de financiamento dos sindicatos, que foi destruído com a reforma trabalhista de 2017, sem que uma alternativa que possibilitasse a continuidade das atividades sindicais fosse criada.

Ele contou que, no momento, um projeto que regulamenta a contribuição assistencial está em construção junto ao Congresso Nacional, após o assunto não ter tido avanço na mesa de negociação criada pelo governo federal com as centrais sindicais e federações patronais no ano passado.

Leia também: Centrais entregam proposta sobre contribuição assistencial a Rodrigo Pacheco

As centrais defendem a soberania da assembleia dos trabalhadores para determinar os termos da contribuição assistencial e o direito de oposição e que, uma vez aprovada em assembleia, a contribuição seja paga por todos os trabalhadores da base, não apenas pelos associados, uma vez que os benefícios das convenções coletivas de trabalho são válidos para todos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu no Tema 935 que cobrar a contribuição assistencial de todos os trabalhadores da categoria é constitucional, desde que garantido o direito de oposição. A forma de oposição, no entanto, precisa ser regulamentada e é o ponto de discordância entre entidades dos trabalhadores e patronais, além de motivo de milhares de ações na Justiça, que também tem debatido o assunto.

Relacionada: No TST, Antonio Neto defende soberania das assembleias sobre contribuição assistencial

Um dos argumentos do lado patronal é que a assembleia tem um índice de participação muito baixo para impor uma contribuição à maioria que não estava presente durante a discussão, ponto que foi levantado pelo vice-presidente da Fiesp e rebatido por Antonio Neto, que chamou de “falácia” a preocupação do patronato em “proteger” o trabalhador de uma decisão que ele pode considerar desvantajosa para si.

“O capital quer o sindicato fragilizado. Essa discussão de que a assembleia não é representativa é uma falácia. A prova disso é de que ele [o patrão] aceita todas as demais cláusulas, não importa o tamanho da assembleia, ele assina a convenção e vale tudo ali dentro. Se eu tirar um direito do trabalhador, ele assina, ele só não respeita aquela [cláusula] que é a sustentação financeira do sindicato, é inacreditável”, disparou.

Ele deu um exemplo ocorrido com o próprio Sindpd, cuja convenção coletiva tem 74 cláusulas e apenas uma foi alvo de uma reclamação constitucional feita ao STF por uma associação de empresas.

“As outras 73 [clásulas] estavam valendo. A quem interessa um sindicato não sustentável? Me perdoe se é impossível não ver má intenção nisso. Interessa para os sindicatos patronais, para as empresas, que o sindicato [dos trabalhadores] não tenha condições de manter seu departamento jurídico, seu atendimento aos trabalhadores, porque se o sindicato é forte, ele consegue fazer grandes coisas, não só na relação capital-trabalho, mas no desenvolvimento e emancipação do Brasil”, acrescentou.

Os debatedores, no entanto, concordaram em que há muitos pontos em que entidades patronais e dos trabalhadores podem trabalhar juntas, como fizeram recentemente na defesa do que ficou conhecido como “taxa das blusinhas”, a fim de proteger a indústria nacional de uma concorrência desleal e os empregos do setor, e outras medidas que visem o desenvolvimento econômico do país e geração de empregos.

Fotos: assessoria CSB

Compartilhe:

Leia mais
Sinplalto filiação CSB
Sindicato dos Servidores Municipais da Microrregião de Araxá anuncia filiação à CSB: "nova fase"
vagas emprego sine carteira de trabalho digital
Vagas de emprego do Sine estão disponíveis na Carteira de Trabalho Digital
emprego e beneficios sociais reduzem pobreza no brasil
Luiz Marinho destaca conquistas lideradas pelo Ministério do Trabalho em 2024
Sindpd aciona empresas que usam desoneração sem enquadramento sindical
Sindpd-SP inicia processos contra empresas que utilizam desoneração sem enquadramento correto
intercambio sindical em Washington
Sindicalistas do Brasil e dos EUA trocam experiências em programa de intercâmbio em Washington
INSS pagamento automatico auxilio doença
INSS suspende bloqueio de pagamento do benefício por falta de comprovação de vida
fake news não há nova contribuição sindical
Ao contrário do que diz a imprensa, não há nova contribuição sindical em discussão no país
reunião dieese servidores públicos
Servidor público, participe de reunião estratégica na defesa de seus direitos; acesse o link
Fessergs toma posse no conselho do IPE Saude
Presidente e vice-presidente da Fessergs tomam posse como conselheiros do IPE Saúde
TST novas regras recursos
Admissibilidade de recursos no TST tem novas regras a partir de fevereiro; saiba o que muda