Agenda ambiental não pode ignorar justiça social, defende CSB em debate pré COP 30

As centrais sindicais e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno -, realizaram nesta quarta-feira (9) em São Paulo o primeiro evento da Jornada Nacional de Debates, que acontece até 29 de abril. O evento na capital paulista teve tema “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – rumo à COP 30”, que visa discutir a transição energética do ponto de vista dos trabalhadores e da justiça social.

Os representantes das centrais fizeram uma fala de abertura e ressaltaram que a transição energética e a proteção ambiental não podem ser feitas à custa dos trabalhadores e do desenvolvimento do país. Em vez disso, pode representar uma oportunidade para o Brasil se destacar no cenário internacional como exemplo que alia preservação e desenvolvimento.

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O diretor da CSB Paulo de Oliveira iniciou sua fala lembrando de uma famosa frase do ativista ambiental e sindicalista Chico Mendes: “Ecologia sem luta de classes é jardinagem”. Segundo P.O., esta frase é um alerta sobre o perigo de se ter uma visão ambientalista que desconsidera a realidade das desigualdades sociais.

“A transição energética sem justiça social, sem independência política e econômica e sem enfrentar as profundas desigualdades sociais é mero obstáculo dos países centrais contra o desenvolvimento dos países emergentes”, acrescentou.

Ele ainda propôs a reflexão sobre o porquê a pauta ambiental é muitas vezes rejeitada pelos trabalhadores, enquanto são eles que mais sofrem com as catástrofes decorrentes das mudanças climáticas.

Confira um trecho da reflexão:

“O povo brasileiro, especialmente os trabalhadores, vê as mudanças climáticas e o meio ambiente através da dura ótica da sobrevivência. A questão ambiental, para muitos, está muito distante da vida cotidiana, quando o que importa, urgentemente, é o pão na mesa, o trabalho digno e a segurança para a família.

No entanto, não podemos esquecer que as maiores vítimas das mudanças climáticas são, sim, os trabalhadores. São os trabalhadores que perdem tudo o que conquistaram nas enchentes, nos desastres ambientais, e que vivem sob o stress térmico, caminhando com uma caixa nas costas, em uma bicicleta “ecológica”, sem a devida proteção laboral, fruto do trabalho precário nos aplicativos.

São esses trabalhadores que, muitas vezes, não têm voz no debate ambiental, mas, paradoxalmente, são eles os mais afetados. A nossa agenda, portanto, não pode deixar de ter em sua centralidade o trabalhador e o trabalho.

Nós, da classe trabalhadora, não podemos aceitar uma agenda ambiental que ignore as necessidades reais do povo. Se essa agenda não tiver o trabalhador como prioridade, ela continuará sendo vista, por grande parte da população, como um debate de uma elite intelectual e acadêmica que como diria Chico, “fazem jardinagem”.

É preciso reconhecer que o Brasil já possui uma matriz energética limpa, sendo pioneiro no uso de combustíveis sustentáveis. Mesmo diante dos inúmeros desafios, fomos, e somos, o país que mais preservou suas florestas. Isso é um feito do povo brasileiro, e não podemos permitir que tentem desconstruir nossa história.

Por isso, nossa agenda ambiental não pode ser um discurso vazio, deve ser construída de baixo para cima, deve ser estabelecida pelo povo brasileiro, de forma Soberana, com saneamento básico, canalização de córregos, remoção das famílias de áreas de risco ou mananciais, para moradias populares seguras, com infraestrutura adequada e dignidade para todos.”

Paulo de Oliveira destacou ainda a agricultura familiar como pilar fundamental para a produção de alimentos com preservação ambiental e como a agenda ambiental pode e deve gerar empregos decentes e desenvolvimento tecnológico.

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