O 1º de maio e a pauta da classe trabalhadora, por Clemente Ganz

O Dia Internacional dos Trabalhadores tem uma enorme importância histórica, simbólica e política para a classe trabalhadora em todo o mundo. O 1º de maio representa lutas, conquistas e a resistência dos trabalhadores por melhores condições de vida, trabalho digno e justiça social.

A data homenageia os trabalhadores que participaram da greve geral de 1886 em Chicago (EUA), lutando para reduzir a jornada para 8 horas diárias, entre tantas outras lutas e repressões. A repressão foi brutal, e alguns líderes foram condenados à morte e ficaram conhecidos como os “Mártires de Chicago”. Em 1889, o Congresso Socialista (2ª Internacional), realizado em Paris, instituiu o 1º de maio como dia de luta internacional da classe trabalhadora.

No Brasil, o 1º de maio foi instituído como feriado nacional pelo presidente Artur Bernardes (decreto 4.859 de 26 de setembro de 1924). Foi nesta data que, em 1943, Getúlio Vargas anunciou a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O Centro de Memória Sindical indica que as primeiras comemorações operárias ocorreram em Porto Alegre (1892) e em Santos (1895).

LEIA: Centrais sindicais preparam jornada de 1º de maio: “Por um Brasil mais justo”

São mais de 2 séculos de lutas por direitos em um processo de longa transformação industrial capitalista. Conquistas como a redução e a regulação da jornada de trabalho, as férias remuneradas, o 13º salário, a Previdência Social e a aposentadoria, os direitos trabalhistas e o direito à sindicalização, à greve, à negociação e à contratação coletiva foram conquistados com muito investimento coletivo na organização, na mobilização e nas lutas.

No Brasil, as centrais sindicais e suas entidades de base apresentam nesta data a pauta unitária de atuação para o próximo período de 1 ano. Neste ano, as centrais sindicais realizarão a partir de 29 de abril a Plenária Nacional da Classe Trabalhadora, reunindo em Brasília líderes e ativistas sindicais de todo o país. Nessa plenária, será lançado o documento “Prioridades da Pauta da Classe Trabalhadora 2025”, contendo as propostas que orientarão a atuação unitária do movimento sindical brasileiro no próximo período de 1 ano. Este 1º de maio terá como lema: “Por um Brasil mais justo: Solidário, Democrático, Soberano e Sustentável”.

A pauta trará a “redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial”, avançando na mobilização e na atuação institucional junto ao Congresso para aprovar uma legislação que implemente a jornada semanal de 40 horas. Atuar nas negociações coletivas para reorganizar as escalas de trabalho (fim da escala 6X1), tratadas segundo a demanda e o contexto de cada setor econômico e categoria profissional.

Outra prioridade será o apoio à aprovação do projeto encaminhado pelo governo do presidente Lula de isenção do imposto de renda até R$ 5.000 e a taxação dos ricos que não pagam imposto.

As centrais sindicais demandam iniciativas para a redução estrutural da taxa básica de juros e dos spreads bancários. Consideram fundamental aumentar os investimentos para ampliar a inovação e a capacidade produtiva da economia, para criar bons empregos, com direitos e crescimento dos salários.

No ano em que o Brasil preside e recepciona a COP30, além de criar o Fórum Trabalho e Meio Ambiente das centrais sindicais, a pauta indica como prioridade o tratamento das questões relacionadas à mudança climática e à emergência ambiental e seus impactos sobre o mundo do trabalho, propondo e qualificando o que se entende por transição justa.

A pauta priorizará o fortalecimento da negociação coletiva e da atualização sindical para conquistar direitos frente ao mundo do trabalho em profundas mudanças.

O incremento da produtividade será determinante para alçar o país à condição de nação desenvolvida. Para isso, investimento em inovação e formação profissional contínua, um sistema de inserção e intermediação de mão de obra ágil e moderno são desafios prioritários.

Abril será um mês de debates nacionais, coordenados pelo Dieese, para apresentar as propostas de prioridades para 2025 e preparar a Plenária Nacional de 29 de abril, na qual também será lançada a Agenda Legislativa e a Agenda Jurídica das Centrais Sindicais para 2025. Em 1º de maio, serão realizados atos, manifestações e atividades culturais em todo o país.

Essas iniciativas refletem o esforço conjunto do movimento sindical brasileiro para mobilizar a classe trabalhadora, suas entidades sindicais e a sociedade em torno de pautas fundamentais para os trabalhadores, visando a promover um país mais justo e igualitário. O 1º de Maio é um dia de luta, memória e esperança, para nos lembrar que os direitos trabalhistas foram conquistados com mobilização, sangue e organização, e que a união da classe trabalhadora é essencial para avançar na construção de um mundo justo.

Por Clemente Ganz Lúcio, sociólogo, professor universitário e coordenador do Fórum das Centrais Sindicais. Foi diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

*Texto publicado originalmente em Poder360

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