Evento da Central dos Sindicatos Brasileiros reuniu representantes de partidos e ativistas
Políticos, lideranças partidárias e ativistas de movimentos sociais defenderam união em defesa da democracia e o respeito ao diálogo durante a abertura do 3º Congresso da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), nesta 5ª feira (16.set.2021).
Foram intercaladas falas de nomes da esquerda, como Guilherme Boulos (Psol) e Flávio Dino (PSB), e representantes do campo liberal, como o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Com o tema “Sindicatos fortes, Brasil mais justo”, o evento virtual contou com a mediação do presidente da central, Antonio Neto (PDT). As manifestações dos convidados, em vídeo, foram gravadas previamente e transmitida durante o encontro. Críticas ao presidente Jair Bolsonaro e seu governo foram quase unânimes nas falas.
“Esta quinta-feira foi um dia especial para nós da Central dos Sindicatos Brasileiros. Quem nos conhece sabe qual é a nossa linha no movimento sindical: fortalecer o diálogo e a racionalidade mesmo na disputa entre as partes para demonstrar o verdadeiro valor do trabalho. Para nós é imprescindível mostrar que é possível e necessário o diálogo para além das ideologias, por mais contraditórios que sejam os interesses nas negociações. É praticando e incentivando o diálogo que realizamos democracia.” afirmou o presidente da CSB, Antonio Neto.
Presidentes de outras centrais sindicais, como Sérgio Nobre, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), também participaram.
O 1º a falar foi Ciro Gomes (PDT), aliado e companheiro de partido de Neto. O pré-candidato à Presidência da República disse que o país passa pelo “mais grave e profundo buraco na história republicana brasileira”. Sem citar nomes, afirmou que a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “superficial e despolitizada”.
Ciro defendeu seu projeto nacional de desenvolvimento, proposta apresentada em suas campanhas anteriores ao Palácio do Planalto. Afirmou que é preciso estudar um novo modelo econômico e um novo modelo de governança política. “E para isso precisamos da militância de uma classe trabalhadora informada e militante”.
Outros nomes que já foram cogitados para disputa eleitoral à presidência também defenderam um projeto para o país que retome a criação de empregos e combata a pobreza.
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e nome do Psol nas eleições presidenciais de 2018, Guilherme Boulos, ressaltou que as conquistas sociais e de direitos dos trabalhadores estão sob forte ameaça pelo “golpismo de Bolsonaro”. Também atacou as reformas da Previdência, Trabalhista, e as privatizações de empresas estratégicas para o Estado.
“Mais do que nunca a gente precisa estar junto, construir uma unidade da classe trabalhadora, dos setores progressistas, dos setores democráticos, para resistir a essa ofensiva do atraso”, declarou.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), afirmou que é preciso fortalecer a organização dos trabalhadores. “O sindicalismo foi muito atacado nos últimos anos, porque aqueles que vivem da concentração de renda e de riqueza na mão de poucos não querem uma classe trabalhadora consciente, mobilizada e apta a se defender de tantos ataques e, ao mesmo tempo, propor caminhos novos para o Brasil”.
Defendeu a adoção de um regime legal justo, que preserve a dignidade e o poder de compra dos trabalhadores para movimentar a economia. “O projeto de desenvolvimento será necessariamente redistributivo, mediante uma reforma tributária, mas não só. Mediante também o respeito aos direitos trabalhistas, previdenciários, sindicais, aos direitos sociais”.
Cotados a disputar o governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB) também enviaram suas mensagens ao evento.
Para ressaltar o papel dos sindicatos, o evento reproduziu o trecho de uma fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em que defende essas entidades. “Os EUA não foram construídos por wall street, foram construídos pela classe média, e os sindicatos construíram a classe média. Os sindicatos colocaram poder nas mãos dos trabalhadores, eles nivelam o jogo, te dão uma voz mais forte. Por sua saúde, segurança, salários maiores”, disse o norte-americano.
Os deputados Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Alessandro Molon (PSB-RJ) criticaram o governo Bolsonaro. A congressista gaúcha chamou a atenção para a tramitação da Reforma Administrativa, em discussão na Câmara. Disse se tratar de uma “reforma Trabalhista do serviço público”, que cria condições para “privatizar todos os serviços-fim” da administração pública no país.
Em meio às manifestações de pessoas de esquerda, o deputado Kim Kataguiri pregou respeito ao diálogo e às divergências. O congressista agradeceu a participação da CSB nas manifestações contra Bolsonaro em 12 de setembro. “São diversas as diferenças que nós temos, ideológicas, e os embates que nós temos dentro do parlamento. Diferenças de visão de mundo, mas o respeito na democracia àqueles que divergem de você é fundamental. A única concordância que a gente precisa ter é na própria democracia, e nas regras do jogo”.
Presidente do PDT, Carlo Lupi afirmou que, sob Bolsonaro, o Brasil está em ameaça e a democracia, correndo “sério risco”. Sem citar o nome do presidente, disse que o “profeta da ignorância: quer impor ao Brasil uma pauta de atrasos e retrocessos”.
Baleia Rossi, que comanda o MDB, louvou a discussão de um projeto nacional de desenvolvimento. Disse que é preciso “cuidar dos problemas reais do Brasil”, como desemprego e inflação.
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Fonte: Poder 360