Sindpd-SP denuncia Serpro por aposentadoria compulsória ilegal de trabalhadores

O Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo) denunciou, nesta quarta-feira (27/11), o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) ao Ministério Público do Trabalho (MPT) por conta de uma nova política de aposentadoria compulsória de empregados anunciada pela diretoria da empresa.

Segundo o comunicado feito pela empresa, a nova política consiste em aposentar compulsoriamente todos os trabalhadores que completem 70 anos. A “nova regra” passaria a valer em janeiro de 2025 a partir de um programa denominado “Novos Horizontes”. A direção da estatal justifica a iniciativa alegando uma necessidade de redução de custos a longo prazo, “viabilizando os desafios econômicos contínuos crescentes.”

Leia também: Sindpd-SP fecha acordo para indenizar trabalhadores demitidos da Crefitech

Na denúncia, o Sindpd afirma que a medida, além de ofensiva aos profissionais com décadas de serviços prestados à estatal, é inconstitucional, visto que desde novembro de 2019, entrou em vigor a Emenda Constitucional nº 103, que alterou o limite de idade dos empregados em empresas públicas e sociedades de economia mista, para 75 anos.

“O projeto é inconstitucional e duplamente prejudicial aos trabalhadores: a aposentadoria em idade não prevista pela Constituição Federal e o desligamento sem qualquer indenização estabelecida na legislação trabalhista”, aponta o Sindpd-SP.

A empresa defende a legalidade da medida baseada em lei ordinária anterior, mas que segundo o sindicato, não pode se sobrepor à norma constitucional aprovada posteriormente. Para o Sindpd, a atual diretoria do Serpro visa “lucratividade acima da dignidade da pessoa humana, da dignidade de seus empregados com dezenas de anos de serviço”.

Na planilha da empresa, só na regional de São Paulo, mais de 170 trabalhadores seriam aposentados compulsoriamente entre os anos de 2025 e 2029. “O programa Novos Horizontes não pode prosseguir, não pode ter a aplicação continuada porque viola literalmente a Constituição Federal, fere um direito constitucional adquirido pelos empregados, avilta a segurança jurídica e o estado democrático de direito”, sustenta a denúncia enviada ao MPT.

O documento pede a abertura de inquérito civil e a instauração de um Ação Civil Pública (ACP) “com o objeto de impedir imediatamente a aplicação do programa”. No início de novembro, o Sindpd-SP enviou uma notificação extrajudicial à estatal, na figura de seu presidente, Alexandre Gonçalves de Amorim. Na notificação, solicitou agendamento de reunião em caráter emergencial para que se possa debater a mudança anunciada e a sua pretensa legalidade.

“Além de praticar atos prejudiciais sobre o universo de seus empregados, a empresa ainda revela conduta antissindical. Até a presente data a empresa não respondeu à mensagem, demonstrando desdém à prerrogativa constitucional do Sindicato, de defender os direitos e interesses dos trabalhadores, seus empregados”, acrescenta, na denúncia, a entidade sindical.

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara