CSB-RS realiza plenária com a presença de Antonio Neto e a filiação de mais nove sindicatos

A seccional do Rio Grande do Sul da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB-RS) realizou sua plenária estadual na quinta-feira (4), na sede da Feticom-RS (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do RS), com a presença de dezenas de dirigentes sindicais. O encontro contou com a participação de Antonio Neto, presidente nacional da CSB, Sérgio Arnoud, presidente da CSB-RS, além de presidentes de federações como Femergs, Fetrarod e Feticom, que durante todo o dia debateram os assuntos de maior relevância para o movimento sindical. A programação incluiu diversos painéis temáticos e a cerimônia de filiação de nove novos sindicatos à central.

Em apresentação, Antonio Neto, discorreu sobre a conjuntura política e econômica nacional e internacional, enfatizando o papel da central e do movimento sindical diante dos atuais desafios. Ele citou as ameaças à soberania e à economia do país, como o “tarifaço” dos EUA e tentativas de interferência externa, além da pressão da direita por anistia aos envolvidos na trama golpista. Neto também alertou para o cenário eleitoral de 2026, onde há expectativa de uma forte investida para ampliar a base no Congresso com objetivos como impeachment de ministros do STF e anistia a Jair Bolsonaro e aliados.

“A conjuntura exige que fortaleçamos nossa unidade para enfrentar as ameaças à soberania nacional, combater a agenda de retrocessos e barrar qualquer tentativa de anistia a crimes contra a democracia. A CSB tem o compromisso de articular todas as forças progressistas em defesa dos trabalhadores, da democracia e do Brasil”, afirmou.

Durante a plenária, nove sindicatos formalizaram sua filiação à CSB, reforçando a base da central no estado. São eles:

  • Sindicato dos Rodoviários da Região Metropolitana de Porto Alegre
  • Sindicato dos Rodoviários de Guaíba
  • Sindicato dos Rodoviários de Viamão
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Sebastião do Caí
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Venâncio Aires
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Santana do Livramento
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Santa Cruz do Sul
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Cachoeira do Sul
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Santa Maria

“A filiação desses importantes sindicatos é mais uma demonstração do grande trabalho que a CSB-RS vem realizando sob a liderança do amigo Sérgio Arnoud e todos nossos dirigentes aqui no Rio Grande do Sul. Isso fortalece nossa luta e nossa representatividade em defesa dos trabalhadores, e amplia nossa capacidade de atuarmos alinhados em todo o país”, disse Antonio Neto.

Painéis técnicos

A programação da plenária seguiu com a realização do primeiro painel sobre práticas antissindicais, conduzido pela procuradora do Trabalho Cristina Gerhardt Benedetti, representante da Conalis (Coordenadoria Nacional da Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social).

O tema “Reforma Administrativa e seus Reflexos” foi abordado no segundo painel da manhã. Os painelistas Sérgio Arnoud, presidente da CSB-RS, e Clarice Mainardi, presidente da Femergs (Federação dos Municipários do RS), discutiram os impactos da proposta no serviço público municipal, estadual e federal, e também para a iniciativa privada. A mediação foi de Luiz Kleppert, diretor do Sindaergs (Sindicato dos Administradores no RS).

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O terceiro painel, com grande interação do público, tratou de “Saúde Mental e Assédio Moral” no serviço público e na iniciativa privada. A palestra foi ministrada pela Dra. Angie Miron, diretora da Divisão de Controle do Foro de Gramado no TRT-4ª Região, com mediação de Antônio Roma, presidente da Fetrammergs e vice-presidente da CSB-RS. A especialista apresentou dados que evidenciam o crescente adoecimento mental de trabalhadores de diversas categorias.

Em seguida, foi a vez de um painel sobre o histórico da Reforma Administrativa, em que Arnoud explicou sua origem no Consenso de Washington (1989), um receituário neoliberal adotado pelo FMI que prega, entre outros pontos, disciplina fiscal, privatizações e o enxugamento da máquina pública.

Arnoud traçou a linha do tempo da agenda no Brasil, desde o governo Collor, passando pelas reformas de FHC, até a Reforma Trabalhista de Michel Temer. Ele destacou que, no governo Bolsonaro, a reforma administrativa de cunho “anti-servidor” foi barrada, mas que agora retorna com nova roupagem.

“Atualmente essa reforma voltou focando em fim dos dois meses de férias e o fim dos altos salários, itens de uma minoria. São manobras diversionistas para que não se enxergue o fim do regime jurídico único, que prevê ingresso apenas por concurso público. Assim, abre-se caminho para a contratação temporária por até cinco anos via CLT, passível de demissão a qualquer momento”, alertou Arnoud.

Ele finalizou enfatizando a articulação nacional das centrais para barrar as mudanças. “É urgente conscientizar trabalhadores e a sociedade. O único caminho é lutar em conjunto. Este é o papel das representações sindicais”.

O último painel teve como tema “Negociação Coletiva”, ministrado pelo Dr. Clóvis Renato, advogado, professor e consultor jurídico na Conferência Internacional do Trabalho da OIT. Ele abordou métodos aplicáveis para servidores públicos e iniciativa privada, apresentando ferramentas para aprimorar as práticas negociais. O painel reforçou a importância fundamental do tema para as entidades sindicais, que buscam melhorias para os trabalhadores por meio dessa ferramenta, ainda carente de regulamentação plena no Brasil, especialmente no serviço público.

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