O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) conseguiu assegurar um reajuste salarial de 6% para os trabalhadores das empresas de transporte de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá, percentual superior à inflação projetada de 4,56% para 2025 pelo Banco Central. O valor da cesta básica também foi ampliado de R$ 510,00 para R$ 550,00, um aumento de 7,84%. As novas condições valem a partir de 1º de novembro, data-base da categoria.
O acordo foi aprovado em assembleia realizada na terça-feira (28) em Niterói, com 567 votos a favor e sete contra, após semanas de negociações conduzidas pelo Sintronac. A categoria também manteve conquistas como a jornada de 7 horas diárias, auxílio-uniforme de R$ 172,41 a cada quatro meses e a não retenção do vale-transporte.
As tratativas não avançaram inicialmente, com os empresários de São Gonçalo se recusando a participar da negociação da data-base. Eles alegaram inviabilidade financeira devido ao congelamento do valor das passagens em R$ 3,95 há oito anos e à falta de repasse integral das gratuidades por parte da Prefeitura – o que gerou, segundo as empresas, uma dívida acumulada milionária.
A ausência de acordo regional poderia criar uma distorção trabalhista, com pisos salariais diferentes dentro da mesma região metropolitana. Diante do risco, o Sintronac decretou estado de greve para as empresas de São Gonçalo e notificou o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a Justiça e a Prefeitura.
Com a intermediação do MPT, as companhias retornaram à mesa de negociação, evitando uma paralisação que afetaria milhares de usuários – o Leste Fluminense é a região com maior uso de ônibus no deslocamento para o trabalho no país, com 58,42% da população economicamente ativa dependente do transporte coletivo.
Para o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, o resultado assegurou um princípio fundamental. “Não permitiremos a criação de pisos diferentes em nossa base. Os rodoviários já deram sua cota máxima de sacrifício durante a pandemia do coronavírus. Está na hora do poder público agir e promover uma profunda mudança no sistema de transporte público, que está cada dia mais se aproximando de um colapso”, afirmou.
Com a ratificação do acordo, o estado de greve foi suspenso e os novos valores entrarão em vigor a partir de novembro, com vigência até 1º de novembro de 2026. Confira as tabelas:
Salários e valores de horas (base: 210 horas mensais)
| FUNÇÃO | SALÁRIO NOV/2025 | HORA NORMAL | HORA EXTRA (50%) |
|---|---|---|---|
| MOTORISTA | R$ 3.370,80 | R$ 16,05 | R$ 24,08 |
| MOT. MICRO | R$ 2.997,71 | R$ 14,27 | R$ 21,41 |
| COBRADOR | R$ 1.853,94 | R$ 8,83 | R$ 13,24 |
| DESPACHANTE | R$ 2.505,63 | R$ 11,93 | R$ 17,89 |
| FISCAL | R$ 2.280,91 | R$ 10,86 | R$ 16,29 |
Benefícios (hora refeição e cesta básica)
| FUNÇÃO | HORA REFEIÇÃO (DIÁRIA) | HORA REFEIÇÃO (MENSAL) | CESTA BÁSICA |
|---|---|---|---|
| MOTORISTA | R$ 9,02 | R$ 208,65 | R$ 550,00 |
| MOT. MICRO | R$ 7,13 | R$ 185,51 | R$ 550,00 |
| COBRADOR | R$ 4,41 | R$ 114,79 | R$ 550,00 |
| DESPACHANTE | R$ 5,96 | R$ 155,09 | R$ 550,00 |
| FISCAL | R$ 5,43 | R$ 141,18 | R$ 550,00 |
Remuneração total (salário + benefícios)
| FUNÇÃO | SALÁRIO | CESTA BÁSICA | HORA REFEIÇÃO (MENSAL) | TOTAL |
|---|---|---|---|---|
| MOTORISTA | R$ 3.370,80 | R$ 550,00 | R$ 208,65 | R$ 4.129,45 |
| MOT. MICRO | R$ 2.997,71 | R$ 550,00 | R$ 185,51 | R$ 3.733,22 |
| COBRADOR | R$ 1.853,94 | R$ 550,00 | R$ 114,79 | R$ 2.518,73 |
| DESPACHANTE | R$ 2.505,63 | R$ 550,00 | R$ 155,09 | R$ 3.210,72 |
| FISCAL | R$ 2.280,91 | R$ 550,00 | R$ 141,18 | R$ 2.972,09 |







