O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) alertou a população de São Gonçalo e as autoridades sobre uma possível greve de ônibus das linhas municipais. Conforme explicou o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, a paralisação é motivada pela recusa dos empresários em participar das negociações da campanha salarial dos trabalhadores este ano,prejudicando 5,7 mil trabalhadore que estão há oito anos sem reajuste.
Na sexta-feira (26), representantes do sindicato se reuniram com o secretário Municipal de Transportes, Fábio Lemos, e membros do gabinete do prefeito Nelson Ruas dos Santos, que não compareceu ao encontro. Os integrantes do governo gonçalense buscaram tranquilizar os rodoviários de que “tudo seria resolvido”, no entanto, não apresentaram medidas concretas para estabilizar a situação e evitar um movimento da categoria em direção à greve.
Segundo Oliveira, o sindicato já está cumprindo os trâmites legais para o início da greve e informou o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a juíza de um processo que tramita sobre o reajuste das tarifas de ônibus na cidade. O estado de greve foi declarado na semana passada, após ser aprovado em assembleia pelos trabalhadores.
“Não queremos pegar a população de surpresa e nem que venham depois dizer que não buscamos o diálogo. Acredito que os trabalhadores rodoviários irão promover uma paralisação no município. Estamos alertando a população e as autoridades. Os rodoviários não vão mais pagar o preço de tudo isto que está acontecendo”, afirmou.
Embora seja o poder concedente e esteja diretamente envolvida na questão, a Prefeitura de São Gonçalo distribuiu nota afirmando que “as reivindicações da categoria devem ser discutidas exclusivamente com o sindicato das empresas de transporte rodoviário”.
No entanto, a juíza Larissa Pinheiro Schueler Pascoal, titular da 8ª Vara Cível do município entende que a municipalidade tem responsabilidade sobre o reajuste tarifário nos transportes e estabeleceu um prazo, que expira em 13 de outubro, para que as passagens de ônibus sejam majoradas de R$ 3,95 para R$ 5,94. Caso seja efetivado o repasse das gratuidades atrasadas para as empresas, a passagem ficará em R$ 5,25.
A magistrada decidiu com base em um parecer do MPRJ, que identificou uma defasagem entre o valor cobrado nos ônibus e os custos operacionais das empresas ao longo de oito anos, tempo em que o preço das passagens ficou congelado e o repasse das gratuidades deixou de ser feito em sua totalidade. Este, inclusive, é o motivo alegado pelos empresários para não negociarem com os trabalhadores este ano e que motivou a ação judicial na 8ª Vara Cível.
Em Niterói, Itaboraí, Maricá e Tanguá, o Sintronac aguarda um retorno do Setrerj – sindicato patronal – sobre uma data para o início das negociações salariais. Os trabalhadores reivindicam reajuste de 15%, cesta básica de R$ 600,00 e o fim da circulação de dinheiro nos ônibus, com a implantação de um sistema de cobrança de passagens inteligente que aceite pagamentos via PIX e cartões.
