Os professores da rede municipal de Carpina (PE) aprovaram em assembleia nesta quarta-feira (2) a realização de “greve branca”. A decisão foi tomada após a Secretaria de Administração da cidade informar na terça-feira (1º) que não realizará o enquadramento salarial previsto em lei aprovada em 2024.
“Nossos professores esperaram pacientemente a boa vontade da prefeita para fazer o enquadramento. A prefeita assumiu com a promessa de repor o que o [Manuel] Botafogo (ex-prefeito) negou aos professores. Ontem, o secretário disse que não faria o enquadramento e que, em vez disso, criariam um plano de cargos e carreira, já com o objetivo de cortar direitos, como tentaram em um projeto de lei recente”, contou a presidente do Sindicato dos Professores Municipais (SINDPROFM), Mercês Silveira, em entrevista ao site Voz de Pernambuco.
O sindicato participou de uma comissão que, por mais de um mês, fez uma na análise documental para fundamentar o reenquadramento. “Analisamos pasta por pasta, elaboramos um relatório e entregamos tudo pronto. A prefeita não cumpriu sua palavra: prometeu resolver em 60 dias e disse que, no São João, os professores estariam recebendo os precatórios do FUNDEF. Não honrou nada”, acrescentou.
A legislação municipal estabelece critérios de remuneração baseados em tempo de serviço e qualificação profissional. Atualmente, existem distorções em que professores recém-contratados recebem valores superiores aos de colegas com mais experiência e qualificação. O sindicato calcula que a correção total demandaria R$ 320.000 mensais, incluindo encargos previdenciários.
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Além disso, os professores não recebem reajuste desde 2018. Dos 214 docentes afetados, 63% possuem pós-graduação e 42% têm mais de dez anos na rede municipal. O sindicato aguarda posicionamento da prefeitura até 8 de julho.
“Acreditávamos que a prefeita priorizaria a educação, mas sua equipe é fraca — só é eficiente para cortar direitos, com assessoria de um escritório de Recife. Para valorizar servidores, não fazem nada. Os salários estão congelados desde 2018”, disse Mercês.
De acordo com ela, a opção pela “greve branca” foi para evitar prejuízos aos alunos e pais. Isso significa que os professores manterão as aulas regulares, mas realizarão protestos no contraturno, incluindo cartas abertas, distribuição de materiais informativos, uso de carros de som e manifestações em feiras livres e semáforos. Haverá também uma paralisação simbólica mensal.
“Trabalhamos incansavelmente, mas duvido que a prefeita sequer saiba disso — está sempre nas redes, nunca na prefeitura. Precisamos de uma gestão presente. No RH, trocam pessoas constantemente, sem resultados. Muitos cumprem horário, mas poucos ‘arregaçam as mangas’”, criticou a presidente.
A prefeitura de Carpina não se manifestou oficialmente sobre o movimento grevista ou as reivindicações salariais.
Com informações de Voz de Pernambuco
Foto: reprodução/Voz de Pernambuco