A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) manifesta seu apoio à PEC pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho, reafirmando a importância dessa luta histórica das centrais sindicais em defesa de condições de trabalho dignas. Durante décadas, trabalhadores e entidades sindicais têm reivindicado a redução de jornadas extenuantes e o fim de escalas que desconsideram a saúde e o direito ao descanso dos trabalhadores.
Esses modelos de escala, como o 6×1, foram intensificados com as mudanças trabalhistas recentes, que facilitaram acordos individuais sem o respaldo necessário dos sindicatos, levando à ampliação de práticas degradantes e prejudiciais à saúde dos trabalhadores.
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Desde 1988, os ganhos de produtividade no Brasil foram enormes devido à automação, ao avanço tecnológico e agora à inteligência artificial. No entanto, esses ganhos, ao invés de serem revertidos em melhoria de vida para os trabalhadores, ficaram concentrados nas mãos de poucos, deixando os trabalhadores à margem dos benefícios que ajudaram a gerar.
A luta das centrais sindicais não é nova. Em um esforço conjunto, o movimento sindical coletou milhões de assinaturas para a tramitação de uma PEC por iniciativa popular visando a dignidade no trabalho e o direito ao descanso, mas essa proposta foi arquivada por um Congresso Nacional que, na época, mostrou-se comprometido com os interesses do capital e das grandes corporações. É hora de retomar essa luta com força e determinação.
A CSB acredita que a jornada de trabalho, em conjunto com o fim da escala 6×1, além de gerar empregos e redistribuir o tempo de trabalho, beneficiará a produtividade das empresas, proporcionando mais equilíbrio e qualidade de vida aos trabalhadores. Estudos e experiências de outros países comprovam que a redução da jornada de trabalho, aliada ao aumento de descansos, aumenta a motivação, reduz o absenteísmo e melhora o rendimento. Beneficiar os trabalhadores não é prejudicar a economia, mas sim fortalecê-la.
Apelamos ao Congresso Nacional para que, com responsabilidade social e sensibilidade, atenda ao chamado de milhões de brasileiros e brasileiras que desejam ver essa proposta tramitando. Os maiores beneficiados serão os trabalhadores e suas famílias, que terão mais tempo para o lazer, a educação, o convívio familiar e a prática de sua fé.
Ao longo da história, sempre houve resistência a direitos fundamentais, com argumentos apocalípticos que nunca se confirmaram. Foi assim com a implementação do 13º salário, da política de valorização do salário mínimo e da licença maternidade. Essas conquistas não só se mantiveram, como se tornaram pilares da dignidade trabalhista no Brasil, e o mesmo ocorrerá com o fim da escala 6×1.
Essa proposta não é uma questão de alinhamento político entre esquerda ou direita, mas sim uma questão de posicionamento em favor dos trabalhadores. As convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são claras ao reforçar a dignidade do trabalho e o direito ao descanso, essenciais para a vida dos trabalhadores e suas famílias. Assim, a CSB se coloca à disposição para dialogar com o Congresso Nacional, a fim de encontrar caminhos para essa conquista tão esperada pelo conjunto da sociedade brasileira.
Convocamos as mais de 1.000 entidades sindicais filiadas à CSB e todo o movimento sindical para somar esforços em prol desta causa fundamental. A CSB levará a proposta ao Fórum das Centrais Sindicais para que ela se torne uma pauta prioritária, e trabalharemos incansavelmente para garantir que a PEC pelo fim da escala 6×1 seja aprovada.
Antonio Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros